Gabriel Medina está com a família no Brasil, ainda festejando o troféu do Circuito Mundial de Surfe, mas já está de olho na próxima temporada. O campeão do mundo quer defender seu título conquistado na sexta-feira no Havaí e para isso terá de mostrar serviço novamente nas 11 etapas já confirmadas para o calendário de 2015. A partir de 28 de fevereiro ele inicia uma nova corrida pela taça, com a etapa australiana do Quiksilver Pro Gold Coast.
Para não perder tempo em sua preparação, ele pretende iniciar seu treinamento para a temporada após o dia 20 de janeiro, quando chegarão ao fim suas férias. Nesse período, ele vai tratar de relaxar – na terça-feira à noite, por exemplo, foi a uma casa noturna no litoral paulista com os amigos Neymar e Robinho. Quando retomar os treinos, Medina terá de seguir as rígidas normas estabelecidas por Charles Saldanha, seu padrasto e treinador.
O surfista sabe que agora, ao entrar no patamar de ídolo esportivo, terá de lidar com o forte assédio, principalmente enquanto estiver no Brasil. “Chega a assustar. Só para chegar no carro, no aeroporto, foi uma batalha, tinha muita gente. Às vezes eu tenho medo de perder a minha privacidade, mas seja o que Deus quiser. Espero que todo mundo colabore também”, diz Medina.
Para a disputa da nova temporada, a WSL (Liga Mundial de Surfe, da sigla em inglês, que substitui a ASP, Associação dos Surfistas Profissionais) anunciou que a premiação será maior para as etapas. Isso já era um pedido dos surfistas, com coro de Medina. “Nos últimos cinco anos o surfe tem melhorado bastante, seja nas premiações, julgamento, eventos, estrutura, enfim, nesse período deu para perceber a melhoria. Não me importo com dinheiro, sou apaixonado pelo surfe, mas seria bom se a premiação fosse melhorada”, disse antes do anúncio.
O aumento nas cifras ainda não é tão significativo, mas já é um indício das mudanças. A premiação das etapas do Circuito Mundial aumentou de US$ 500 mil (R$ 1,34 milhão) para US$ 525 mil (1,41 milhão) no masculino e de US$ 250 mil (R$ 674 mil) para US$ 262,5 mil (R$ 707 mil) no feminino.
O título do brasileiro aumentou bastante a visibilidade no País do surfe, um esporte que já foi muito marginalizado. Medina tem ótimos contratos de patrocínio, ainda mais para alguém que não é do futebol. A transmissão pela internet de sua disputa no último dia em Pipeline, quando foi campeão, bateu todos os recordes de audiência – o site da ASP saiu cinco vezes do ar por não suportar o excesso de pessoas, e o do YouTube, que exibia a transmissão, caiu duas vezes.
SEGUNDA DIVISÃO – A WSL também vai investir na divisão de acesso para a elite, com cinco tipos diferentes de evento, dos menores aos maiores, que se diferenciam pela premiação e pela pontuação que oferecem ao competidor no ranking. Uma outra mudança será a valorização dos escritórios regionais (Austrália, Europa, África, Japão, Havaí, América do Norte e da América do Sul), com valorização dos campeões regionais.
“Nosso objetivo com o Qualifying Series é sempre buscar garantir que os melhores surfistas avancem para o mais alto nível do Circuito Mundial”, diz o comissário Kieren Perrow. “As mudanças que estão sendo feitas para o próximo ano foram projetadas para melhorar o processo de classificação já em vigor e tentar envolver ainda mais os nossos atletas, fãs, mídia e promotores dos eventos nesta nova experiência.”
Por tudo isso, Medina entrará em 2015 com visibilidade em um momento de mudança da entidade que cuida do surfe profissional no mundo. Ele sabe que agora terá de lidar com a pressão de ser o atual campeão e precisará provar mais uma vez que é o melhor. “O desafio agora vai ser me manter no topo. Estou preparado. Consigo lidar com a pressão.”