Quando vier ao Brasil, na próxima segunda-feira, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, discutirá com a presidente Dilma Rousseff a possibilidade de realizar um estudo de viabilidade para a construção da Ferrovia Transcontinental, que ligaria as costas leste e oeste da América do Sul, passando por Brasil, com saída para o oceano Atlântico, e o Peru, com o saída para o oceano Pacífico.
A informação é do embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, e foi publicada hoje em entrevista que o diplomata deu à agência estatal de notícias de seu país, a Xinhua. O projeto da ferrovia prevê 4,4 mil quilômetros de extensão em solo brasileiro, entre o Porto do Açu, no litoral do Estado do Rio de Janeiro e o município de Boqueirão da Esperança, no Acre.
Além disso, segundo o embaixador, a expectativa é de que, nessa visita, os dois líderes assinem acordos políticos, econômicos, comerciais, financeiros, agrícolas e culturais. “E eu acredito que, no futuro, possamos reforçar os laços em áreas como infraestrutura, logística, energia, mineração e indústria, com base em benefícios mútuos e interesses compartilhados”, acrescentou.
O diplomata disse ainda que a vinda do primeiro-ministro tem como objetivo dar uma resposta a um desafio que os dois países têm em comum: desenvolver suas economias em meio a dificuldades no cenário internacional. Essa resposta, disse Li, representa um novo estágio das relações entre as duas nações.
Para ele, o Brasil é uma economia emergente “muito importante e com grande potencial, com um vasto território de riqueza de recursos”. No entanto, acrescentou o embaixador, “o Brasil encara o desafio de reajustar sua estratégia de desenvolvimento econômico, depois de atingir o fim do ciclo de prosperidade por meio das commodities”.
Enquanto o Brasil corre o risco de entrar em recessão em 2015, a China enfrenta desaceleração. Em 2014, a economia chinesa cresceu 7,4% em relação a 2013, seu ritmo mais lento em 24 anos. No primeiro trimestre de 2015, teve expansão anual de 7,0%, a menor para o período em seis anos. No Brasil, o crescimento foi de 0,1% em 2014 e, para 2015, a previsão mais recente do banco central é de queda de 1,18%.
Em 2009, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, tanto em importações quanto em exportações. Os chineses também lideram os investimentos estrangeiros diretos. A última visita do primeiro-ministro chinês foi em julho do ano passado, quando veio para participar do encontro dos Brics em Fortaleza, que resultou na criação de um banco de desenvolvimento do grupo. À época, também assinou acordos bilaterais com o Brasil no valor de US$ 35 bilhões. “Dessa vez, o montante também deve ser substancial”, disse o embaixador.