O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, garantiu que as reformas que o governo pretende implantar para incentivar a economia do país não irão por em questão o modelo de bem estar social do Estado francês e não significam austeridade. O premiê falou sobre as medidas em discurso no Parlamento, antes da deliberação sobre o voto de confiança ao governo de François Hollande, nesta terça-feira.
O governo de Hollande e Valls sobreviveu à votação na câmara baixa do Parlamento francês mas, embora esteja autorizado a avançar com as reformas econômicas que têm dividido o partido socialista, tem pouca margem de apoio para aprovar medidas com facilidade.
O programa de reformas inclui um corte de 50 bilhões de euros nos gastos do governo até 2017 e propõe redução de impostos sobre empregadores para incentivar a contratação. No entanto, Valls declarou que as medidas não significam austeridade.
Além disso, afirmou que benefícios garantidos pela lei trabalhista não serão alterados. “Devemos nos preocupar em realizar reformas indispensáveis com coragem, mas sem questionar o nosso modelo de bem estar social, que faz parte da nossa identidade”, disse Valls, garantindo que o governo não vai alterar a carga de 35 horas de trabalho por semana, nem a aposentadoria aos 60 anos ou qualquer outro benefício.
Em seu discurso, o primeiro-ministro se dirigiu aos socialistas dissidentes que alegam que o governo abandonou seus ideias de esquerda para recorrer a medidas de austeridade e favorecer grandes empresas. “Reformar não é regredir, reformar é afirmar as nossas prioridades recusando austeridade”, disse Valls.
O pronunciamento e a votação desta terça-feira aconteceram em meio a uma série de desastres políticos que levaram a popularidade do presidente Hollande ao patamar de 13%, o mais baixo já registrado para um líder francês. Além disso, a oposição, apesar de apoiar algumas medidas do programa de Valls, considera que a falta de uma maioria clara no Parlamento vai impedir que qualquer reforma seja de fato implementada. O governo tem até o começo de outubro para apresentar ao Parlamento um orçamento para 2015, já considerando os cortes de gastos desenhados para compensar os bilhões em redução de impostos corporativos.