O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, se comprometeu a buscar metas de superávit primário mais baixas depois que o atual programa de resgate do país expirar, em 2018, o que, segundo ele, levará à redução da carga fiscal para os gregos. “Nosso objetivo é reduzir o superávit primário para 2,5% em 2019 e 2% em 2020”, disse o primeiro-ministro grego, durante seu discurso em uma feira internacional de comércio em Tessalônica, Grécia, na tarde deste sábado.
Sob os termos do terceiro programa de resgate acordado no verão passado, a Grécia tem de aumentar seu superávit primário, excluindo os juros, para 3,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 e manter esse patamar a médio prazo.
A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) avaliam que as metas fixadas para a Grécia são razoáveis e até mesmo os mais pessimistas acreditam que o superávit primário do país poderia exceder 3% a partir de 2018 até a década de 2020.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, acredita que a Grécia não será capaz de alcançar superávits superiores a 1,5% nos próximos anos e décadas.
Tsipras já disse que as metas atuais são “absolutamente impossíveis” de alcançar. Mas o diretor da ESM Klaus Regling tem pedido repetidamente para os participantes respeitarem as metas de superávit primário definidas no âmbito do acordo.
A segunda revisão do terceiro programa de resgate da Grécia está previsto para começar ainda este ano e inclui mais um conjunto de revisões econômicas duras, principalmente para o mercado de trabalho.
O primeiro-ministro grego disse que seu governo pretende concluir a revisão rapidamente para pavimentar o caminho para discussões sobre medidas específicas de redução da dívida. “Há luz no fim do túnel e é agora visível”, disse o primeiro-ministro grego. “Temos que aguentar, com tenacidade e persistência, que em breve estaremos em águas mais calmas.”
No mesmo evento em Tessalônica dois anos atrás, Tsipras revelou o manifesto de seu partido Syriza, um programa de generosa despesa pública, cortes de impostos e proteções trabalhistas mais fortes, que o colocou no caminho para ganhar eleições. Sem ser mais capaz de fugir do programa de resgate, este ano a cesta de bondades de Tsipras continha menos presentes. “Dentro dos próximos dois anos, seremos capazes de ampliar consideravelmente a base de tributação”, disse. Ele acrescentou que, se menores superávits primários forem alcançados, o governo será capaz de reduzir a carga fiscal.
Ele também prometeu entregar 246 milhões de euros (US$ 276,3 milhões) que o governo colocou nos cofres do Estado no início deste mês, provenientes de um leilão de licenças de televisão privadas. O primeiro-ministro grego disse que essas receitas serão distribuídas para melhorar o sistema de saúde do país, criar mais vagas em creches públicas, oferecer refeições escolares e para um programa que irá criar incentivos para que os jovens cientistas que deixaram o país por causa da crise voltem à Grécia.
Fonte: Dow Jones Newswires