Os três principais candidatos ao Palácio do Planalto têm adotado posturas conservadoras na maioria dos temas considerados polêmicos. O jornal O Estado de S. Paulo elaborou um questionário sobre assuntos tratados em campanhas presidenciais anteriores, a exemplo do aborto e das privatizações, pautas como flexibilização da legislação trabalhista e reajuste do salário mínimo, além do passe livre no transporte público, bandeira dos protestos de 2013.
De modo geral, Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) vão evitar ao máximo esses temas na campanha, para não correr riscos políticos. A equipe de Dilma nem sequer respondeu ao questionário, mesmo em relação a temas a respeito dos quais a presidente se posicionou ao longo do atual mandato.
“No momento, a campanha está dedicada ao debate com a sociedade das linhas gerais do programa de governo apresentado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, afirmou a assessoria de imprensa da chapa petista. Procurado, o coordenador do programa de governo, Alessandro Teixeira, tampouco se pronunciou.
Na campanha de Aécio, foi a assessoria de imprensa quem respondeu ao questionário – ora de forma direta, como ser contra a legalização do aborto, ora de forma evasiva. Ao se posicionar sobre a reforma da previdência, Aécio diz que a diminuição do déficit vai ocorrer com o aumento da atividade econômica e a formalização dos trabalhadores.
Campos também foi evasivo ao tratar da previdência e contra a legalização do aborto. Ao contrário do tucano, que diz ser possível manter gratuidades no transporte público para setores específicos, o candidato do PSB passou a defender publicamente a adoção do passe livre.
Mínimo. Seja quem for eleito em outubro, terá como uma das primeiras missões no mandato discutir a política de reajuste do salário mínimo. A correção automática conforme o crescimento da economia adotada pela gestão Dilma se encerrará em 2015, e o próximo governo terá de decidir se renova essa política ou se adota outra forma de correção do valor.
O programa de governo e a assessoria de Aécio dizem ser a favor da manutenção da política de valorização do salário mínimo, embora não digam como. Já na campanha de Campos, ainda não há uma posição fechada sobre o tema. No programa de Dilma, a presidente comemora o fato de ter dado aumentos reais para os assalariados, mas não diz nada sobre o futuro.
Quando o assunto é privatização de estatais, Aécio e Campos dizem ser contra. “Não é objeto (nem do programa, nem do governo). Já foi privatizado o que tinha de privatizar. Petrobrás nem pensar”, desconversou o coordenador da campanha do PSB, Carlos Siqueira. O governo Dilma fez leilões de concessão de aeroportos e rodovias, mas o PT não usa o termo “privatização” e rejeita a ideia de vender empresas ou bancos públicos à iniciativa privada.
Na campanha de 2006, a discussão sobre uma possível privatização da Petrobrás ganhou força. Na época, o candidato à reeleição pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu tachar no PSDB do então candidato ao Planalto Geraldo Alckmin o rótulo de “privatista”. Lula venceu a disputa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.