Estadão

Presidente da Câmara age como se fosse imperador do Japão, diz Lula

Em novas críticas ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender nesta terça-feira (3) a necessidade de eleger deputados e senadores comprometidos com as pautas do governo. De acordo com o petista, Lira age como se fosse imperador do Japão.

"O atual presidente da Câmara já tá querendo criar o semipresidencialismo e ele age como se fosse imperador do Japão", discursou Lula durante ato que oficializou o apoio do Solidariedade à candidatura do petista.

Lula voltou a criticar o chamado orçamento secreto, esquema revelado pelo <b>Estadão/Broadcast</b> e criado para angariar apoio de parlamentares em troca de verbas. "O orçamento é aprovado pela Câmara e tem que ser administrado pelo governo e é o governo que decide cumprir o orçamento em função da realidade financeira do estado brasileiro", defendeu o ex-presidente.

O petista disse que viajará pelo Brasil e fortalecerá a missão de formar uma bancada forte no Congresso nas eleições deste ano. "Quem quiser ficar na rede social que fique. Eu vou viajar o Brasil e vamos ter que publicar em cada comício uma lista dos nossos deputados naquele Estado. A gente tem que dizer: esses são os nossos senadores e deputados", disse.

Lula também afirmou nesta terça-feira, durante ato que oficializou apoio do Solidariedade sua pré-candidatura ao Planalto este ano, que não pensa que já ganhou as eleições. A fala faz referência as críticas que vem recebendo de lideranças que se queixam do suposto "salto alto" de Lula e do PT na disputa.

"Eu não penso que já ganhei as eleições, porque se tem alguém nesse País que tem experiência de eleição presidencial sou eu. Mas eu posso dizer uma coisa: se prepare porque nós vamos tomar posse na Presidência da República no dia 1º de janeiro de 2022", disse durante evento, sob aplausos e gritos.

Lula reforçou que, se eleito, provará que "este País tem uma dívida muito grande, que não é dívida externa, que não é dívida para empresário. Este País tem uma dívida que temos que assumir o compromisso de pagar, uma dívida que ninguém que é cristão pode dormir tranquilo sabendo que tem criança com fome, gente pegando isso na fila de açougue", completou o petista.

Ao fim do evento, Lula gritou: "Alckmin, temos um compromisso de cristão, nós precisamos cuidar das pessoas mais pobres", disse. Ao longo do encontro, o petista fez diversas menções religiosas, acenando exatamente para o público que compõe a base do presidente Jair Bolsonaro (PL).

<b>Sindicatos</b>

Lula também disse no evento "não tem democracia forte no mundo que não tenha sindicato forte". No entanto, em aceno ao setor empresarial, o petista explicou que "o sindicato não quer que o empresário tenha prejuízo".

"Se tiver prejuízo a fábrica quebra. Essa gente tem que entender que nós não somos imbecis. O sindicalista quer que a fábrica seja forte, ganhe muito dinheiro, aumente o salário dos trabalhadores e gere emprego", afirmou.

No evento, Lula disse que o emprego será uma obsessão dele e defendeu política de fomento ao empreendedorismo. O petista voltou a dizer, ainda, que é preciso transformar o BNDES. "Acho o BNDES uma das coisas mais extraordinárias criadas pelo governo. Entretanto, não pode ser mais um banco para emprestar dinheiro para grandes empresas, precisamos cuidar do pequeno e médio empresário deste país para incentivar a pessoa que quer ser empreendedora", disse.

<b>Apoios</b>

O evento de hoje oficializa o apoio do Solidariedade à candidatura do petista ao Planalto. PSB, PCdoB, PV, Solidariedade, Rede e PSOL já decidiram apoiar Lula. O ex-presidente busca atrair MDB, Avante e PSD.

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