O industrial e atual presidente da Fiesp, Josué Gomes, voltou a criticar o que ele classifica de elevadas taxas de juros nominal e real vigentes no País. Ele fez as críticas durante sua fala na abertura do evento "O Dia da Indústria" que a entidade patrocina nesta quinta na capital paulista.
A taxa nominal de juro, a Selic, encontra-se em 13,75% ao ano e a taxa real, a que desconta a inflação, está rodando em torno de 7%, segundo cálculos dos economistas e analistas do mercado financeiro. Josué tem um cálculo que coloca o juro real em 8%.
Para o presidente da Fiesp, se a sociedade é contrária aos incentivos dados pelo governo a alguns setores da economia ela deveria se posicionar ao lado daqueles que defendem a redução da taxa de juro.
Segundo o presidente da Fiesp, o câmbio parece estar hoje ajustado, porém o "excesso de juros pagos no País" mantém o risco de sobrevalorização cambial, o que afeta a competitividade dos produtos brasileiros. "Não podemos mais, como sociedade, admitir que se pratiquem esses juros que temos praticado", declarou Josué, acrescentando que já há 30 anos os juros inibem o crescimento e definham a indústria de transformação.
Ele disse ainda que as pessoas contrárias aos subsídios deveriam apoiar a redução da Selic porque, nas palavras dele, se o Brasil passar a praticar juros compatíveis com as taxas praticadas no mundo os subsídios perderão a razão de existir.
<b>Reforma tributária</b>
Ao apontar a urgência da reforma tributária, com a criação de um imposto sobre valor agregado que elimine o peso da cumulatividade dos tributos carregada pelo setor, Josué disse que nenhuma política industrial conseguirá produzir desenvolvimento sem a correção de distorções no plano macroeconômico.
<b>Apelo à imprensa</b>
O presidente da Fiesp iniciou seu discurso fazendo um apelo aos profissionais da imprensa presentes para que abracem a indústria para, com isso, ajudar a reconstruir a classe média brasileira.
Para o executivo, dono da Coteminas, uma das maiores indústrias têxteis do País, um país democrático e inclusivo como o Brasil tem se proposto a ser requer a recuperação da sua indústria da transformação.
Representante do setor, Josué defende que a indústria perdeu com o passar dos anos e com a adoção do neoliberalismo a força que tinha na década de 1940, quando o Brasil crescia a taxas iguais a 7% ao ano.
"Quero me dirigir aqui à imprensa e pedir que abrace a indústria para podermos recuperar a nossa classe média", disse o presidente da Fiesp, para quem é a indústria o setor que mais emprega, agrega valores a seus produtos, paga os melhores salários e abre oportunidades para o primeiro emprego de muitos jovens.
Josué teceu também críticas ao atual modelo econômico e disse que o processo antigo de substituição de importações não cabe mais no mundo de hoje e defendeu a participação da indústria nas cadeias globais de produção.