O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, renunciou nesta quinta-feira, horas depois que um juiz emitiu um mandado de prisão contra ele, que foi acusado de liderar uma rede de corrupção, em um crescente escândalo que mergulhou o país em sua pior crise política desde o fim de uma guerra civil. A demissão foi comunicada pelo porta-voz do gabinete presidencial, Jorge Ortega.
Sob a lei da Guatemala, o vice-presidente, Alejandro Maldonado Aguirre, assumirá o cargo até o fim do mandado de Molina, que termina em janeiro.
O paradeiro de Molina, de 64 anos, era desconhecido nesta quinta-feira, embora seu advogado disse nos últimos dias que o presidente iria se entregar para evitar ser capturado pela polícia.
O presidente enfrenta acusações de fraude, associação ilícita e corrupção relacionada a fraude aduaneira que deu descontos sobre as tarifas de importação às empresas em troca de propinas.
Já, a ex-vice-presidente de Molina, Roxana Baldetti, foi presa em relação por acusações semelhantes. Ela negou as acusações. Na quarta-feira, Baldetti foi transferida para uma prisão comum na Cidade da Guatemala.
Em uma mensagem transmitida em rede nacional na semana passada, Molina também negou as acusações e sugeriu que ele é o alvo de um complô de seus inimigos políticos auxiliado por interesses estrangeiros.
O mandado de prisão ocorreu um dia depois que o Congresso da Guatemala votou para tirar o Molina de sua imunidade judicial, o primeiro movimento para um líder eleito democraticamente na história do país. Todos os 132 deputados votaram a favor.
Depois que o presidente perdeu sua imunidade na terça-feira, seu advogado César Calderón disse que o líder estava preparado para enfrentar as acusações contra ele.
“O presidente não fugiu, não se escondeu, não fugirá e não vai pedir asilo”, disse Calderón, à CNN.
A renúncia veio poucos dias antes de uma eleição presidencial que ocorre no domingo para determinar o sucessor do presidente. A legislação guatemalteca não permite a reeleição.
Escândalos de corrupção têm dominado guatemaltecos desde abril, quando uma agência anticrime apoiada pela ONU anunciou que havia descoberto um esquema de fraude chamado “La Linea”, nomeado desta forma por causa de um número de telefone que as empresas podem ligar para obter um desconto sobre as taxas de importação, em troca de subornos. Fonte: Dow Jones Newswires.