O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou duramente o primeiro-ministro de Kosovo, Ramush Haradinaj, por ter condenado as deportações de seis homens turcos que viviam em Kosovo e são acusados de apoio ao clérigo Fethullah Gulen, a quem o governo turco atribui o planejamento de um golpe em 2016.
Erdogan se disse “triste” pelo fato de Harakinaj ter demitido tanto o ministro de Interior como o chefe de inteligência de Kosovo na sexta-feira, após eles terem ordenado a deportação dos seis cidadãos turcos do país sem a permissão de Harakinaj. As expulsões também foram criticadas por grupos de direitos humanos de Kosovo e de outros países.
Neste sábado, Erdogan disse que Haradinaj “pagará” pelo que fez. “Desde quando você começou a proteger aqueles que trabalham por um golpe contra a república turca?”, questionou Erdogan, dirigindo-se a Harakinaj.
A Turquia acusa o clérigo Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos, de planejar o fracassado golpe de 2016. Ele nega as acusações. Depois da tentativa de golpe em julho de 2016, o governo turco declarou estado de emergência, que vigora até hoje. Mais de 38 mil pessoas acusadas de ligação com Gulen continuam presas e cerca de 110 mil servidores públicos foram demitidos – muitos negam que sabiam do golpe.
Os seis deportados de Kosovo – cinco professores e um médico – trabalhavam em escolas e clínicas apoiadas pelo movimento liderado por Gulen. De acordo com a imprensa de Kosovo, a deportação deles está relacionada a uma operação realizada conjuntamente por serviços de inteligência de Kosovo e da Turquia.
Haradinaj convocou no sábado o Conselho de Segurança de Kosovo e solicitou uma investigação detalhada sobre a operação secreta conjunta supostamente implementada por agentes dos dois países.
Já o presidente de Kosovo, Hashim Thaci, afirmou que a agência de inteligência (AKI, na sigla em inglês) informou que “a única razão pela qual os cidadãos turcos foram deportados diz respeito a suas ações ilegais em Kosovo, que colocaram em risco a segurança nacional do país”. Fonte: Associated Press.