A Vale conseguiu “mais uma vez uma boa performance operacional”, segundo o presidente da mineradora brasileira, Murilo Ferreira, em teleconferência com analistas e investidores para comentar o resultado da companhia referente ao primeiro trimestre do ano. O executivo lembrou que a companhia obteve recordes operacionais, como, por exemplo, a produção de minério de ferro no período.
Ferreira destacou também o trabalho da empresa em reduzir despesas e custos e evidenciou, ainda, a diminuição do breakeven do minério de ferro entregue na China no período.
O presidente da Vale reiterou que o maior projeto da companhia está no “rumo certo para ser entregue neste ano”, o que irá alavancar, segundo ele, a produção de minério da companhia, com um insumo de alta qualidade.
O projeto S11D, incluindo mina, usina e logística associada, alcançou 73% de avanço físico consolidado no 1T16, sendo composto por 85% de avanço físico na mina e 64% na logística. A duplicação da ferrovia alcançou 48% de avanço físico, com 173 Km de ferrovia entregues. O ramal ferroviário alcançou 85% de avanço físico e as obras civis de fundação do berço norte na expansão do porto foram concluídas.
Ferreira afirmou que a despeito da recuperação do preço do minério, a Vale segue comprometida com o fortalecimento do balanço e a redução de sua dívida líquida, com foco na disciplina operacional e de capital. “Traçamos nossos objetivos e temos clareza do caminho a seguir”, disse a analistas.
Viagens à China
Em viagens à China, o presidente da Vale afirmou que já vinha notando uma melhora no mercado físico naquele país, o que acabou refletindo nos preços do minério de ferro neste ano. “O mercado chinês está em posição muito melhor do que eu poderia imaginar em agosto do ano passado”, disse.
Ferreira afirmou que no último trimestre do ano passado já era possível notar melhora no mercado de crédito na China, mas que as análises acabaram não capturando esse sentimento, que, segundo ele, estavam mais pessimistas do que mostrava a realidade. “Estava visível no mercado físico uma melhora no sentimento, claramente observado no mercado imobiliário”, destacou.
O diretor-executivo de Finanças e de Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse ainda que o ritmo de fechamento de minas não competitivas na China está surpreendendo, o que também ajuda na melhora dos preços dos insumos.
S11D
Segundo Siani, a companhia tem previsão de start-up do projeto S11D, em Carajás, dois meses antes do previsto.
O comissionamento deverá ser iniciado em junho, seguido por testes sem minério em setembro. A produção com minério deverá ser iniciada em novembro, informou. O S11D é o maior projeto da história da Vale, com orçamento de US$ 14,4 bilhões, e acrescentará 90 milhões de toneladas à produção de minério de ferro da companhia.
O executivo destacou que a Vale terá ainda fatores positivos para o custo do frete nos próximos meses, com os mineraleiros Valemax indo direto para os portos chineses e a redução de custos de transbordo.
Ramp up
O ritmo do ramp up (aumento de produção) do projeto S11D da Vale irá responder a uma equação financeira que melhor atender o mix em termos de custos para a mineradora, explicou Siani. Segundo ele, Carajás já possui um nível de custo bom e isso será levado em conta.
“Vamos tentar otimizar o fluxo de caixa a luz do mercado. Se o mercado estiver com um preço um pouco melhor, pisamos no acelerador no S11D. Se precisarmos um pouco mais de margem, calibramos com ramp up com as minas do sistema norte que já estão em alta velocidade”, destacou.
Em relação à compra de terceiros, o executivo disse que a Vale está atenta para sua competitividade e não irá comprar minério de terceiros e agregar uma margem reduzida. “Estamos sempre olhando o mercado com muita disciplina, maximizando a margem de contribuição de toda a produção”, disse.
Siani frisou que a Vale irá buscar prêmios mais elevados e admitiu que houve recentemente uma redução do prêmio de qualidade e desconto de sílica. “Estamos muito atentos a isso. Temos a flexibilidade e produtos em todo o portfólio de qualidade. Podem ter certeza de que vamos atuar para maximizar as margens”, disse.
Segundo ele, isso significa na prática que a companhia irá se adaptar ao produto que estiver com melhores preços no mercado. “Iremos adaptar todo o nosso mix de produtos, nosso blend de produtos para maximizar os prêmios. Iremos buscar melhores prêmios para Carajás e trabalhar com todo nosso mix de produtos nessa direção”, disse.
Dividendos
Murilo Ferreira evitou dar uma data para a retomada do pagamento de dividendos aos acionistas da mineradora. Questionado por analistas sobre as métricas a serem alcançadas para a retomada da remuneração, já que teve bom resultado no primeiro trimestre, ele afirmou que a prioridade da companhia no momento é a prudência em relação ao balanço, disciplina na alocação de capital e redução da dívida líquida. “É um pilar básico da nossa gestão essa prudência em relação ao balanço”, disse.
A Vale acaba de aprovar em assembleia uma nova política de dividendos, pela qual deixou de antecipar o valor a ser pago no ano em curso. Ferreira lembrou que a Vale chegou a pagar US$ 9 bilhões em dividendos em 2011, primeiro ano de seu mandato, e que os pagamentos generosos aos acionistas continuam sendo um objetivo. A ideia é remunerar o acionista, mas isso depende do ritmo da conclusão de projetos e desinvestimentos.
“Vamos trabalhar firme e forte no segundo trimestre para reduzir o endividamento. Em momento de flexibilidade financeira, retornaremos com o pagamento para o acionista”, disse.
Fertilizantes
Qualquer tipo de transação envolvendo o negócio de fertilizantes da Vale envolverá a entrada de capital no caixa da mineradora, comentou Murilo Ferreira. Um anúncio envolvendo esse segmento, segundo o executivo, poderá ser feito no segundo trimestre.
Ferreira disse ainda que a perspectiva da companhia é de que a assinatura do Project Finance para o projeto Nacala, em Moçambique, seja assinado em maio. Em fevereiro, Luciano Siani, disse que o Project Finance seria em torno de US$ 2 bilhões.