O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, retirou sua candidatura para as eleições ao Senado em 2022, um mês depois de apresentar a inscrição no último momento. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 14, pela comissão governamental que supervisiona o processo.
A retirada aconteceu no mesmo dia em que seu sucessor favorito deixou a corrida presidencial, aumentando a incerteza sobre o futuro político do líder inconstante e o alcance de sua influência.
O movimento é surpreendente já que críticos vinham apontando um esforço do presidente em se manter no poder de forma não oficial para evitar possíveis processos pelo TPI (Tribunal Penal Internacional).
Um relatório do tribunal disse que havia evidências suficientes de que foram cometidos crimes contra a humanidade na sangrenta guerra às drogas de Duterte, que deixou milhares de mortos.
O atual presidente de 76 anos, não pode disputar um segundo mandato presidencial de seis anos, de acordo com a Constituição filipina.
A princípio, ele afirmou que seria candidato à vice-presidência, antes de mudar de opinião e anunciar a aposentadoria da política. Depois voltou a mencionar uma possível candidatura a vice-presidente, mas finalmente decidiu tentar uma cadeira no Senado.
Sua filha Sara vai disputar a vice-presidência, enquanto seu filho Sebastian disputará a prefeitura da cidade de Davao, o reduto familiar no sul do país.
<b>Sucessor deixa candidatura presidencial</b>
O presidente entrou com os papéis de retirada da comissão eleitoral algumas horas depois que seu assessor de longa data, o senador Christopher "Bong Go", fez o mesmo, uma decisão que, segundo o porta-voz de Duterte, permitiria a ele servir melhor o país.
A retirada é a última reviravolta em uma corrida eleitoral nas Filipinas repleta de mudanças de última hora e surpresas que confundiram especialistas políticos.
Go não estava tendo um bom desempenho nas pesquisas de opinião e não está claro quem terá o endosso de Duterte. O atual presidente tem mantido um índice de aprovação consistentemente alto desde que venceu as eleições de 2016 como um forasteiro prometendo combater o crime e as drogas.
Muito está em jogo para Duterte, que fez tantos inimigos quanto aliados durante uma presidência repleta de escândalos governamentais e que se tornou mundialmente famosa pelo estonteante número de mortos em sua sangrenta guerra contra as drogas.
Duterte nega as acusações criminais contra ele, e seus assessores disseram que nenhum promotor do TPI teria permissão para entrar nas Filipinas.
Na semana passada, ele compareceu à Cúpula para a Democracia do presidente Biden, onde reiterou o compromisso de seu país com os princípios democráticos.
Um porta-voz de Duterte disse em um comunicado que o líder das Filipinas acreditava que a retirada da corrida para o Senado permitiria que ele se concentrasse melhor na resposta à pandemia de covid-19 e nos esforços para garantir "eleições transparentes, imparciais, ordeiras e pacíficas" em maio.
Na segunda-feira, 13, em seu discurso semanal televisionado para a nação, Duterte disse: "Quando eu deixar o cargo em junho de 2022, terei a maior honra de entregar as rédeas do poder ao meu sucessor, sabendo que no exercício de meu mandato, fiz o meu melhor para servir o povo filipino." <i>COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS</i>