Monarco, presidente de honra da escola de samba Portela que morreu no sábado, 11, aos 88 anos, começou a compor ainda jovem, aos 11 anos, e chegou à ala de compositores da escola na década de 1950, seis anos depois. Apesar de ter gravado seu primeiro LP somente em 1976, seu primeiro sucesso foi Tudo, Menos Amor, composta com Walter Rosa, que chegou às rádios pela voz de Martinho da Vila em 1973.
Foi depois desta canção que Monarco resolveu abrir seu arquivo de composições, além de criar novas, para outros artistas e para ele próprio.
Zeca Pagodinho, por exemplo, popularizou Vai Vadiar, parceria entre o ilustre membro da Portela e Alcino Correa, o Ratinho. Com ele, também compôs Coração em Desalinho, que além da versão de Zeca Pagodinho ficou na cabeça do público ao ser tema de abertura da novela Insensato Coração (2011) pela voz de Maria Rita.
Com Chico Santana, foi autor de Lenço, gravado primeiro por Paulinho da Viola e, depois, por Beth Carvalho. Já da parceria com Paulo da Portela surgiu O Quitandeiro.
Em entrevista ao Estadão, em 2003, Monarco comentava sobre sua relação com a arte: "Já é difícil a música nascer e são muitos obstáculos. Tem de mostrar ao cantor ou o produtor, que pode gostar ou não gostar, mas quando a música é boa, encontra seu caminho, pode demorar ou não, mas fatalmente acontece".
"A composição vem em qualquer lugar, de repente, e a gente dá para um parceiro, mas não qualquer um. Parceria é fidelidade, como Cartola e Carlos Cachaça, Bide e Marçal e alguns outros. Eu tive parceiros que Papai do Céu levou e agora faço música com meu filho, Mauro Diniz, e com uns poucos como o Ratinho", continuava.
Por fim, Monarco refletia, à época: "Viver de música não é fácil, mas tudo acontece a seu tempo. Não fiquei rico, mas consegui esse apartamentinho onde vivo com Olinda, minha mulher, há dez anos. O que conta é isso e o respeito dos amigos".