O Barcelona estava encaminhado para ter uma temporada recorde em receitas, previstas para superarem a marca de 1 bilhão de euros (aproximadamente R$ 5,7 bilhões) pela primeira vez na história do clube. Agora, porém, o time catalão aperta o cinto pelas perdas causadas pela pandemia de coronavírus.
"Somos o clube que tem mais receitas no mundo, mas é certo que não podemos atingir o valor de 1,05 bilhão (de euros) que havíamos orçado", afirmou o presidente do Barcelona, Josep Bartomeu, em uma série de entrevistas à imprensa espanhola nesta terça-feira. "Até fevereiro, tivemos um ritmo superior ao que tínhamos planejado".
Bartomeu falou no dia seguinte ao corte dos salários do elenco principal em 70%, o que economizará quase 16 milhões de euros (R$ 92 milhões) mensalmente, mas não será suficiente para cobrir as perdas de receitas se a interrupção do futebol for prolongada.
"Não existem direitos televisivos, nem receitas da Uefa, nem do museu, nem de lojas ou escolas, ou hospitalidade, ou bilheteria. Essa é uma quantia muito importante de dinheiro", disse.
A Espanha tem sido um dos países mais afetados pela pandemia, com quase 95 mil casos de coronavírus e mais de 8.100 mortes. Foram 849 novas mortes nesta terça-feira, o maior número para um dia no país europeu.
Bartomeu confia que a situação atual melhorará dentro de dois meses, mas que as perdas serão inevitáveis se a normalidade não puder ser restaurada. "Estamos estudando há dias como ajustar quando a pandemia terminar. Ela mudará hábitos, modelos, modos de agir… O Barça terá de se adaptar ou ser pioneiro".
O presidente também minimizou a existência de um conflito com os jogadores da equipe, que em comunicado na segunda-feira criticaram a diretoria, dando a entender que foram pressionados por ela para aceitar a redução salarial.
Bartomeu explicou que o primeiro encontro com os jogadores foi em 20 de março em uma videoconferência com Lionel Messi, Sergio Busquets, Gerard Piqué e Sergi Roberto. Ele observou que não queria impor um corte e que os jogadores estiveram de acordo desde o começo.
"Há dez dias de diálogo constante. Houve muito barulho e certamente existem pessoas de dentro do clube ou de fora que deram sua opinião sem ter conhecimento da realidade. Existem muitas medidas para aliviar essa redução de renda. Mas nada poderia começar sem ter o acordo com os jogadores, porque eles são a base", justificou.