Estadão

Presidente do Fed fala em elevar juros além do nível neutro nos EUA

Durante audiência nesta quarta-feira, 22, em comitê do Senado dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que será necessário elevar os juros para além do nível "neutro", que segundo ele no mais longo prazo seria de "cerca de 2,5%". Segundo a autoridade, os juros ainda estão "em nível baixo" nos EUA e o Fed pretende caminhar "mais para o neutro" e inclusive deixá-los em quadro "moderadamente restritivo".

Powell disse que o Fed pretende assim conter a inflação, mas sem impedir que a economia continue a crescer. Ele admitiu, contudo, que uma recessão por causa do aperto monetário "certamente é uma possibilidade", qualificando em outro momento a tarefa atual do BC como "desafiadora".

O dirigente considerou que o mercado de trabalho americano está aquecido "em nível não sustentável", atualmente. Sobre o mercado imobiliário, comentou que tem sido vista uma desaceleração nos preços no setor e que, com as altas de juros, esse movimento de preços mais contidos deve prosseguir.

Em vários momentos, Powell foi questionado sobre o quadro na inflação. Ele concordou com a afirmação de que ela já estava elevada antes da guerra na Ucrânia, embora o conflito tenha piorado o quadro, por causa da alta nos preços de energia. Ainda segundo Powell, o salto recente na inflação nos EUA foi mais puxado pela demanda.

<b>Gasolina</b>

Perguntado sobre a forte alta recente nos preços da gasolina, Powell comentou que "não há nada que podemos fazer" no Fed sobre o tema, lembrando que isso é definido em nível global, com peso importante de cartéis do setor, como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

Powell disse que os preços da gasolina não devem cair por causa da ação do Fed. Além disso, notou que os juros mais altos devem moderar os preços dos ativos em geral, influenciando também os níveis de demanda.

Afirmou ainda que o mercado já incorpora em suas condições atuais uma série de altas de juros pelo BC americano adiante, o que segundo ele "é apropriado".

Em outro momento, o dirigente destacou o fato de que o avanço recente da inflação é um fenômeno global.

Sobre o quadro internacional, advertiu que, na opinião dele, ainda não foram sentidos "todos os efeitos" na economia dos <i>lockdowns</i> ocorridos na China para conter a covid-19.

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