O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reconheceu nesta quarta-feira, 29, que o processo de aperto monetário muito provavelmente envolverá "alguma dor" do ponto de visto econômico, mas que a ameaça ainda mais grave seria fracassar em controlar a inflação.
Em fórum organizado pelo Banco Central Europeu (BCE), em Portugal, Powell reforçou o compromisso da instituição em restaurar a estabilidade de preços nos Estados Unidos. "É importante que as pessoas entendam o quão estamos comprometidos em retornar inflação à meta de 2%", disse.
O dirigente acrescentou que o contexto atual mostrou o "quão pouco" os economistas entendem sobre dinâmicas inflacionárias. Segundo ele, os choques de gargalos de oferta não tiveram o alívio esperado e se juntaram aos efeitos da guerra na Ucrânia, tornando a escalada da inflação mais duradoura.
Powell admitiu também que eventos recentes tornaram "mais desafiadora" a tarefa de controlar a inflação e comentou que os mercados estão bem alinhados com as expectativas do Fed.
De acordo com ele, o <i>forward guidance</i> será sempre condicionado à realidade dos indicadores econômicos.
Do ponto de vista mais estrutural, Powell explicou que há o risco maior de "desglobalização", particularmente diante de incertezas sobre o papel da China.
No entendimento dele, seria positivo que os governos engajassem diplomaticamente com Pequim para garantir que o país asiático esteja alinhado à ordem global baseada em regras.
<b>Dólar</b>
O presidente do Federal Reserve afirmou que o fortalecimento do dólar no mercado internacional tende a ter efeito desinflacionário marginal para os Estados Unidos.
O dirigente ponderou que a autoridade monetária não tem "responsabilidade" sobre o nível da moeda norte-americana e que monitora o câmbio apenas como um dos componentes da situação financeira.
O presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, também disse que a instituição não estabelece meta para o nível da libra.
Segundo ele, o Reino Unido deve enfrentar uma persistência maior na escalada da inflação, por conta dos choques nos preços de energia em decorrência da guerra na Ucrânia.