O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou nesta terça-feira que a Arábia Saudita não pode “encobrir” seu crime por executar um importante clérigo xiita cortando relações com Teerã, mesmo que os aliados do reino também comecem a limitar seus laços com os iranianos.
As declarações de Rouhani são feitas após o Kuwait anunciar que estava retirando seu embaixador no Irã, por causa de ataques contra missões diplomáticas sauditas na República Islâmica.
A execução no fim de semana do xeque Nimr al-Nimr, um clérigo xiita e figura de oposição na Arábia Saudita, acirrou a rivalidade regional entre Arábia Saudita e Irã. O episódio ameaça acabar com os já frágeis esforços de paz, diante das guerras na Síria e no Iêmen.
Em comunicado divulgado em seu site oficial, é dito que Rouhani discutiu a atual disputa diplomática com o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Kristian Jensen, que visita o Irã.
“O governo saudita adotou uma ação estranha e cortou suas relações diplomáticas com a República Islâmica do Irã para encobrir seus crimes de enforcar um líder religioso em seu país”, afirmou Rouhani. “Sem dúvida, tais ações não podem encobrir aquele grande crime.”
O impasse diplomático entre o Irã e o reino começou no sábado, quando a Arábia Saudita executou o clérigo xiita xeque Nimr al-Nimr e outros 46 condenados por terrorismo. Al-Nimr havia sido condenado por sedição e outros crimes, embora negasse que houvesse incitado a violência. No Irã, manifestantes responderam atacando a embaixada saudita em Teerã e o consulado do país em Mashhad. No fim do domingo, o ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, anunciou que o reino cortaria relações com o Irã por causa dos ataques, dando ao pessoal diplomático iraniano 48 horas para deixar o país.
Teerã lamentou os ataques contra missões diplomáticas, em carta à Organização das Nações Unidas, e se comprometeu a prender os responsáveis. Fonte: Associated Press.