O presidente do Irã, Hassan Rouhani, saudou nesta quinta-feira o início de uma nova relação com a França, em sua primeira visita à Europa após o fim das sanções internacionais levar a uma onda de acordos comerciais entre os dois países. “Vamos esquecer o rancor”, disse Rouhani durante um fórum de líderes empresariais em Paris, ao lado do primeiro-ministro francês, Manuel Valls. “Nós estamos prontos para virar a página para uma nova relação.”
Os dois governos revelaram acordos de cooperação entre companhias ferroviárias de França e Irã, além de acordos em energia renovável, entre outros. O Irã, um país de quase 80 milhões de habitantes, representa uma rara oportunidade, por ser uma grande nação que deseja muito receber investimentos, após anos de isolamento internacional.
Rouhani sugeriu que companhias francesas se beneficiariam caso conseguissem superar o histórico tumultuado que marca a relação de Teerã com nações ocidentais. Os iranianos “certamente associam alguns países com problemas, mas este não é o caso da França”, disse ele.
Na arena geopolítica, o governo francês espera que o Irã pressione o líder da Síria, Bashar al-Assad, apoiado por Teerã, a negociar o fim da guerra civil síria.
O conglomerado Bouyges e a construtora Vinci estão entre as companhias francesas prestes a firmar contratos com o Irã. A petroleira Total também deseja voltar a atuar no país. Antes de a Total deixar o país por causa das sanções contra o Irã, este era um de seus principais mercados no Oriente Médio, na década passada.
O setor automotivo também se move para aproveitar a oportunidade. A montadora francesa Peugeot Citroën fechou um acordo com a montadora Iran Khodro para começar uma joint venture que produzirá carros no Irã, no que marca o retorno da companhia europeia ao país após uma ausência de quatro anos. Os dois parceiros devem investir até 400 milhões de euros (US$ 435 milhões) ao longo de cinco anos e produzir até 200 mil carros ao ano em uma fábrica no subúrbio de Teerã.
Analistas dizem que Rouhani está sob pressão doméstica para mostrar que o acordo nuclear representa um passo para a recuperação econômica nacional. A população jovem iraniana enfrenta o alto desemprego, o que pode se tornar um perigo para a classe dirigente do país, que deseja mostrar resultados.
Rouhani finaliza nesta quinta-feira uma viagem de quatro dias por Itália e França. Companhias italianas e iranianas fecharam acordos no valor de cerca de 17 bilhões de euros (US$ 18,36 bilhões) no fim da segunda-feira, no primeiro dia da visita da autoridade a Roma. Fonte: Dow Jones Newswires.