O ex-ministro das Comunicações Mohammed Allawi foi nomeado primeiro-ministro do Iraque neste sábado, 1, após semanas de impasse político, informaram três autoridades.
A escolha acontece em um momento difícil para o país, que enfrenta protestos antigovernamentais e a constante ameaça de ser enredado pelas tensões entre EUA e Irã.
A escolha de Allawi, de 66 anos, para substituir o primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi foi o produto de muitas conversas de bastidores durante meses entre partes rivais.
Na quarta-feira, o presidente Barham Saleh deu a blocos parlamentares até 1º de fevereiro para selecionar um candidato a primeiro-ministro, ou disse que exerceria seus poderes constitucionais e escolheria ele próprio.
Em uma declaração pré-gravada postada on-line, Allawi pediu aos manifestantes que continuassem com seu levante contra a corrupção e disse que desistiria se os blocos insistissem em impor nomes de ministros.
"Se não fosse por seus sacrifícios e coragem, não haveria nenhuma mudança no país", disse ele, dirigindo-se a manifestantes antigovernamentais. "Tenho fé em vocês e peço que continuem com os protestos".
Allawi nasceu em Bagdá e serviu como ministro das Comunicações em 2006 e novamente entre 2010 e 2012. Ele renunciou ao cargo após uma disputa com o ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki.
Espera-se que o Parlamento coloque sua candidatura em votação na próxima sessão, após a qual ele terá 30 dias para formular um programa do governo e selecionar um gabinete de ministros.
Segundo a constituição, um substituto para Abdul-Mahdi deveria ter sido identificado 15 dias após sua demissão no início de dezembro. Em vez disso, os blocos rivais levaram quase dois meses de disputa para selecionar Allawi como candidato a consenso.
A ascensão de Abdul-Mahdi ao poder foi o produto de uma aliança provisória entre os dois principais blocos do parlamento – Sairoon, liderado pelo clérigo Muqtada al-Sadr, e o Fatah, que inclui líderes associados às Unidades de Mobilização Popular paramilitares lideradas por Hadi al-Amiri.
Nas eleições de maio de 2018, nenhuma coalizão venceu uma pluralidade imponente, que teria permitido nomear o primeiro-ministro, conforme estipulado pela constituição iraquiana. Para evitar crises políticas, Sairoon e Fatah forjaram uma união precária com Abdul-Mahdi como seu primeiro ministro.