A presidente do Nepal, Bidhya Devi Bhandari, dissolveu o Parlamento nepalês neste domingo, 20, a pedido do gabinete do primeiro-ministro, K.P. Sharma Oli. O país deve ter novas eleições gerais em duas fases, programadas para 30 de abril e 10 de maio, mais de um ano antes do pleito previsto para novembro de 2022.
Bhandari aprovou a recomendação do premiê e do Conselho de Ministros para dissolver a Câmara dos Representantes de acordo com a Constituição, informou a presidência em um comunicado.
A medida ainda pode ser contestada na Suprema Corte e já foi caracterizada por alguns setores como uma medida inconstitucional. Ainda no domingo, manifestantes foram às ruas na capital, Kathmandu, para protestar contra a dissolução do Parlamento.
A decisão acontece em meio a uma disputa interna no Partido Comunista do Nepal, que está no poder desde 2018 e do qual faz parte o primeiro-ministro.
Sharma Oli pediu a dissolução do corpo legislativo para não ter que ceder o cargo a um rival, seguindo o acordo político que formou o atual governo em 2017.
Na época, dois partidos comunistas se fundiram com o compromisso de alternar no cargo de primeiro-ministro a cada dois anos e meio. A relutância de Oli a sair de sua posição levou a uma divisão no partido.
K.P. Sharma Oli também lida com críticas em meio a alegações de corrupção, além de insatisfação quanto à forma como seu governo lida com a pandemia do coronavírus, que devastou uma economia muito dependente do turismo e das remessas de seus cidadãos no exterior. A popular temporada de escalada do Monte Everest foi cancelada na primavera passada no país.
Todos os ministros da divisão do Partido Comunista do Nepal que se opõe ao premiê apresentaram suas renúncias horas depois da presidente Bhandari aprovar a dissolução do Parlamento.
"Já deixamos claro que nos opomos à decisão do primeiro-ministro de dissolver a Câmara dos Representantes", disseram os ministros em um comunicado conjunto.
O Nepal aprovou sua Constituição em 2015, em meio a uma profunda crise política. A formação do atual Parlamento foi a última peça para encerrar uma longa transição que começou em 2008, com o fim da monarquia, dois anos após o fim da traumática guerra contra a guerrilha maoísta.