Como resposta a políticos que usaram neste domingo, 15, as falhas técnicas enfrentadas pela Justiça Eleitoral, assim como a tentativa de ataque, para colocar em xeque a confiança do pleito, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou não ter "poder sobre o imaginário" das pessoas. Barroso combateu enfaticamente o argumento de que as instabilidades vividas hoje no tribunal representam um risco a credibilidade do sistema eleitoral.
Como mostrou o Broadcast Político, a base de aliados do governo de Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar o TSE e espalhar suspeitas contra a segurança das urnas eletrônicas, além de voltar a pedir o voto impresso. Uma das declarações veio do filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu o voto impresso para garantir as eleições.
Barroso voltou a rejeitar a ideia de que esse sistema seja importante para a confiabilidade do sistema eleitoral, lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou o voto impresso como inconstitucional. Já sobre as reivindicações pelo uso sistema de cédulas, o presidente do TSE afirmou que o retorno desse formato não atende ao interesse público – e ainda fez uma referência implícita ao tempo de apuração das eleições nos Estados Unidos, que votou para eleger seu próximo presidente no último dia 3, elegendo Joe Biden. Lá, uma das formas de votação é pela cédula de papel.
"Em grande país que adota sistema de cédulas, a eleição acabou no dia 3, mas ainda estão contando e disputando", disse o presidente do TSE.
Tanto Barroso como o vice-presidente da Corte, Edson Fachin, repetiram diversas vezes durante a coletiva à imprensa na noite deste domingo que o atraso na totalização de votos e a tentativa de ataque ao sistema da Corte em nada interferem na confiança e na integralidade do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas.
"O mundo político tem uma quantidade de retóricas pelos quais ele se move. Mas eu sou juiz, trabalho com fatos", disse Barroso, lembrando que os candidatos podem conferir o resultado das urnas, por meio do seu boletim, e compará-lo com os dados divulgados pelo TSE.