O presidente da Síria, Bashar Assad, disse em entrevista à imprensa francesa que está disposto “a negociar tudo” em conversas previstas para acontecer ainda este mês no Casaquistão, após suas forças recapturarem a estratégica cidade de Alepo em dezembro.
Há incertezas, no entanto, se as conversas, que estão sendo articuladas pela Turquia e pela Rússia, irão de fato acontecer, uma vez que grupos de oposição ainda não confirmaram participação.
Na entrevista, publicada hoje, Assad também defendeu os violentos bombardeios de suas tropas no leste de Alepo, com o argumento de que a alternativa teria sido deixar os civis da cidade à mercê de “terroristas”, termo que o governo sírio utiliza para descrever a oposição de forma geral.
“Não há limite para as negociações”, disse Assad, segundo a mídia estatal síria. “Mas ainda não sabemos quem do outro lado estará lá…a viabilidade da conferência depende disso.”
Conversas de paz anteriores fracassaram, em meio à questão sobre o futuro de Assad e de sua continuidade na presidência. A oposição insiste que Assad deixe o cargo antes que ocorram quaisquer reformas. O presidente sírio, por sua vez, argumenta que o assunto só poderia ser resolvido por meio de um referendo constitucional.
O início das novas negociações está marcado para 23 de janeiro em Astana, capital do Casaquistão. Os EUA foram excluídos do diálogo, mas autoridades russas sugeriram que autoridades americanas poderão ser convidadas a participar numa data posterior.
Quanto a Alepo, Assad disse que as forças do governo foram obrigadas a “libertar” a cidade. “E há um preço, às vezes, mas no final o povo foi liberado dos terroristas”, acrescentou.
Anteriormente a maior cidade síria e um polo industrial, Alepo foi devastada por seis anos de guerra. Rebeldes tomaram o controle de bairros do leste da cidade em 2012, antes de serem expulsos por tropas do governo no mês passado. Fonte: Associated Press.