No dia 25, estive em Brasília com um grupo de sindicalistas ligados à Força e às demais Centrais. Fomos à Capital Federal pressionar os parlamentares a colocar em votação a Emenda Constitucional que reduz a jornada de trabalho das atuais 44 para 40 horas semanais.
Como se sabe, a constituição do nosso Congresso não traduz a real composição da sociedade, pois a representação do capital é muito maior do que a bancada do trabalho. Sendo assim, as matérias trabalhistas encontram fortes obstáculos pela frente.
Não é a primeira vez, nem será a última, que fomos a Brasília cobrar que o Parlamento cumpra seu papel de produzir leis justas e avançadas. Nesse caso, uma lei que virá beneficiar milhões de trabalhadores com uma jornada mais humana e compatível com a economia moderna.
Sei que é difícil atingir esse objetivo, pois os eleitos têm seus compromissos e fazem leis, ou votam, na maioria das vezes, conforme os acertos feitos durante a campanha eleitoral. E veja que no caso da Emenda das 40 horas eles sequer topam votar.
Não quero passar uma visão pessimista sobre nosso Congresso. Mas é evidente que ele está longe de servir, com grandeza, à Nação. Hoje, temos, na prática, um Congresso omisso, fato que gera uma anomalia no Estado democrático, conforme temos visto, que é o Supremo Tribunal Federal se manifestando sobre assuntos da responsabilidade do Legislativo.
Falo tudo isso também levando em conta recente encontro das Centrais Sindicais com o ex-Presidente Lula, no qual o centro das discussões foi a reforma política, que eu apoio. Mas que reforma? A que fortalece ainda mais a burocracia partidária por meio do chamado voto de lista?
Sinceramente, não é isso que o povo espera dos políticos e da política.
Dizem que a mudança da Capital Federal do Rio para Brasília distanciou os poderes do povo. É verdade. Mas a verdade maior é que distanciamento não é apenas físico: é moral. É o distanciamento gerado pela falta de compromissos com o interesse público efetivo.
Penso que nós, cidadãos, especialmente dirigentes, temos o desafio de trazer nossos representantes para o lado da vida real. E mostrar que o compromisso maior é com quem trabalha, com quem produz, com quem carrega o “piano” nas lutas do dia a dia.
E penso que devemos sempre acenar com o poder do nosso voto, lembrando a eles que o mandato é uma delegação e não propriedade privada.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região