Pressionado, Pazuello repete promessa de completar vacinação em 2021

Pressionado pela escassez de doses de vacina da covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, repetiu nesta quarta-feira, 17, que toda a população será imunizada em 2021. Em reunião com governadores, o general apresentou um cronograma que prevê a entrega até mesmo daquelas que ainda não foram contratadas, como Sputnik, Covaxin e Moderna.

"Temos uma previsão fantástica de recebimento de vacinas", disse Pazuello aos governadores, segundo uma autoridade que acompanha a reunião. O general já havia feito esta promessa na última semana, em reunião no Senado. Como mostrou o <b>Estadão/Broadcast</b>, no ritmo em que a vacinação contra a covid-19 é conduzida no Brasil, o País levaria mais de quatro anos para ter toda a sua população imunizada, conforme cálculo de pesquisador da USP.

O cronograma apresentado por Pazuello apontava que o Brasil receberia cerca de 454,9 milhões de doses de vacinas em 2021. Além disso, há negociações com a Pfizer e Janssen sob "óbice jurídico", segundo os dados apresentados.

A conta de Pazuello intrigou governadores, segundo pessoas presentes na reunião. Primeiro, porque uma versão diferente do cronograma foi enviada pela manhã pelo ministério. Além disso, por considerar negociações ainda em andamento ou de vacinas que nem sequer apresentaram dados de eficácia, como a indiana Covaxin.

Governadores cobraram mais agilidade do ministro para compra de vacinas. "Não basta um calendário, é preciso, urgente, ampliar a quantidade de doses de vacina", disse a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, participa também da reunião.

Pazuello reconheceu que há forte onda de internações pela covid. "Essa realidade vai fazer com que a gente precise se reorganizar. Precise de recursos extraorçamentários", disse aos governadores.

Pelo cronograma apresentado pelo ministro, a distribuição das doses até julho será a seguinte:

Janeiro: 10.700.00 doses
– 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia
– 8,7 milhões da Coronavac

Fevereiro: 11.305.000 doses
– 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia
– 9,305 milhões da Sinovac

Março: 46.033.200 doses
– 4 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia
– 12,9 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz
– 2,66 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca comprada via Covax Facility
– 18,06 milhões da Sinovac
– 400 mil doses da Sputnik V
– 8 milhões de doses da Covaxin

Abril: 57.262.258
– 4 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia
– 27,3 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz
– 15,96 milhões da Sinovac
– 2 milhões da Sputnik V
– 8 milhões da Covaxin

Maio: 46.232.258
– 28,6 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz
– 6,03 milhões da Sinovac
– 7,6 milhões da Sputnik V
– 4 milhões da Covaxin

Junho: 42.636.858
– 28,6 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz
– 8,04 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca comprada via Covax Facility
– 6,03 milhões da Sinovac

Julho: 16.548.387
– 3 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz
– 13,54 milhões da Sinovac

De julho a dezembro, a previsão é que a Fiocruz fabrique de ponta a ponta 110 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, mas não há um quantitativo exato para cada mês.

Neste período, o Instituto Butantan deve entregar 13,54 milhões de doses da Coronavac em agosto e 8,8 milhões em setembro. Além disso, o governo pretende receber 30 milhões de doses da vacina da Moderna em outubro.

O ministério também aponta que negocia a compra de 30 milhões de doses adicionais da Coronavac, que seriam entregues de outubro a dezembro.

Em dezembro, o governo também espera receber 31,8 milhões de doses via Covax Facility.

Pazuello ainda apontou como "possibilidades" a compra das vacinas da Pfizer, com previsão de entrega de cerca de 8,71 milhões de doses em julho e outras 32 milhões em dezembro, além da compra de 16,9 milhões de unidades da Janssen. Estas negociações, segundo disse o ministro, enfrentam "óbices" jurídicos.

Posso ajudar?