Renato vai se tornar ex-atleta neste domingo, ao final do jogo entre Santos e Sport que marca a última rodada do Campeonato Brasileiro. Aos 39 anos, passará a se dedicar exclusivamente à função de executivo de futebol, que ele já acumula desde setembro com a de meio-campista do time. Ao Estado, ele conta sobre os primeiros desafios como dirigente: achar um novo técnico e um substituto à altura do atacante Gabriel, que vai embora.
Em tese, você é dirigente há dois meses. Na prática, como funcionou ser um diretor que ia treinar todo dia no CT?
No início, eu praticamente não estava tendo folga. Quando tínhamos folga de manhã, eu vinha acompanhar o (Sérgio) Dimas (gerente administrativo do clube), que está há mais tempo no clube e trabalhava com o Ricardo (Gomes, antecessor de Renato no cargo, que saiu em setembro). Vinha me inteirar do que estava acontecendo, saber quais jogadores estavam em fim de contrato, quais voltariam de empréstimo.
Sua rotina de treinos não mudou nesse período?
Não, faço o mesmo que todo mundo. E eu tinha me colocado à disposição do Cuca, para quando ele precisasse. Até no último jogo, se eu for mesmo para Recife e ele quiser me utilizar, estarei à disposição.
Você vai estrear, de fato, como executivo de futebol, num cenário pouco favorável. O Santos está sem técnico, o principal jogador, o Gabriel, indo embora… Preocupa começar com dois problemas já enormes como esses?
Quando aceitei, sabia do desafio. Para mim, acho que a responsabilidade é até um pouco maior do que estar dentro de campo. Aqui fora, não vai depender de mim decidir um jogo. Agora, o que eu vou fazer fora de campo, se vou ter o mesmo êxito, é o resultado dentro de campo (que vai determinar). Estarei olhando, motivando quem está aqui a ter resultado. Se eles (os jogadores) forem campeões, o meu resultado também aparece. Só que não depende de mim. Não vou mais chutar uma bola no gol, cabecear num escanteio. É um desafio grande.
O Abel Braga será o técnico do Santos em 2019?
Tem conversa, mas não está nada certo.
Você chegou a falar diretamente com ele ou isso está mais a cargo do presidente?
Não, isso é com o Peres, ele viajou (até o Rio de Janeiro para negociar com o treinador). Até porque eu estou mais em treinamento, ainda jogando. É um treinador campeão, que trabalha também com a base. Se fechar, a gente fica bem servido.
Com a saída do Gabriel, o Santos se sente obrigado a trazer alguém do mesmo nível?
Acho que tem de ter, né? Vamos precisar de alguém assim. Temos o Felippe Cardoso, que tem 20 anos, o Yuri Alberto, que faz 18 em 2019, e volta o Rodrigão, com 23, 24 (ele tem 25). Depositar toda a responsabilidade em garotos, ainda mais nessa função de centroavante, acho um pouco arriscado.
Praticamente todo ano se fala na possibilidade de o Santos em repatriar Diego ou Robinho. Mas desta vez quem está à frente do departamento de futebol é alguém que foi campeão ao lado deles. Isso pode tornar esse sonho mais factível?
Primeiro temos de sentar com o novo treinador. Os dois foram formados aqui, sabem como é. Mas, para voltarem, precisa estar alinhado. Não posso falar “vou trazer o Robinho e o Diego”, e o treinador que vier dizer que quer outros. Vai se criar um atrito. A gente não pode fazer loucuras, estou vindo do outro lado, sei do orçamento do clube. Mas se chegar o treinador e disser que gostaria de contar com os dois, vou fazer de tudo para trazê-los.