A primeira estrada-parque oficial do Estado de São Paulo ficará pronta em abril de 2015. Por cortar área de preservação integral, foi preciso um decreto para criar a estrada.
Cerca de 50% das obras de pavimentação dos 33 quilômetros da rodovia Neguinho Fogaça (SP-139) que atravessam o Parque Estadual Carlos Botelho, entre São Miguel Arcanjo e Sete Barras, já foram executados.
A pavimentação não usa asfalto comum: o calçamento é feito com blocos intertravados que permitem a drenagem da água. A rodovia corta área com bioma de Mata Atlântica entre os mais preservados do Brasil, declarado pela Unesco em 1998 como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade.
A estrada transpõe a Serra das Macacas, maciço de floresta totalmente preservado no coração do parque, e liga o sudoeste paulista ao Vale do Ribeira. A reserva, de 36,7 mil hectares, tem a maior população de monos-carvoeiros do País e outras espécies ameaçadas de extinção, como o bugio ruivo e a onça pintada.
Para intervir na área, o governo paulista precisou de licença do Conselho Estadual do Meio Ambiente, só emitida após a edição do Decreto Estadual no. 53.146/2008 que definiu os parâmetros para implantação, gestão e operação de estradas no interior de unidades de conservação de proteção integral, como é o Carlos Botelho.
Pelas regras do decreto, nessa estrada os animais têm prioridade. Os carros irão rodar à velocidade máxima de 40km/h controlada por radares e haverá passagens subterrâneas e aéreas para os bichos. Não serão permitidos veículos de carga. A estrada terá portais com segurança para controle do acesso.
De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a estrada-parque vai custar R$ 52,5 milhões. O projeto foi definido por um grupo de trabalho das secretarias estaduais de Meio Ambiente e de Transportes.
O objetivo é usar a estrada em projetos de educação ambiental e de ecoturismo sustentável. Como parte do projeto, foram construídos centro de monitoria, quiosques, mirantes e áreas para observação da natureza.