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Primeiro dia do júri da maior chacina de SP tem choro de réu e medo de testemunha

O primeiro dia do júri da maior chacina da história de São Paulo, com 17 pessoas assassinadas a tiros em agosto de 2015, foi marcado por choro de um dos réus, medo de vítima, testemunha que “desapareceu” e protestos do lado de fora do Fórum Criminal de Osasco, na Grande São Paulo. Dois policiais militares e um GCM respondem pelos crimes.

Apesar de estar marcado começar às 13 horas, o tribunal do júri atrasou porque uma das 43 testemunhas arroladas no processo não apareceu. Incluído pela defesa, o homem precisou ser conduzido por uma equipe da Polícia Civil até o fórum. O motivo do “sumiço” não foi informado.

Após sorteio, o Conselho de Sentença acabou sendo formado por quatro homens e três mulheres. Defesa e acusação dispensaram, ao todo, 15 testemunhas – restando 28 a ser ouvidas ao longo do julgamento, que é presidido pela juíza Élia Kinosita Bulman, da Vara do Júri de Osasco.

A dimensão do julgamento também impactou a rotina da cidade. O prédio do Tribunal de Justiça foi todo vistoriado antes do início da sessão e a Avenida Flores, local do prédio, foi bloqueada para veículos. Itinerários de ônibus que passavam por lá também foram deslocados.

Réus

Sentados um ao lado do outro, os réus permaneceram tranquilo a maior parte do tempo. A exceção foi o policial da Rota Fabricio Eleutério, que chorou ainda antes das testemunhas começarem a depor. Ele também trouxe uma bíblia pequena para o plenário. Também são julgados o PM Thiago Henklain e o GCM de Barueri Sérgio Manhanhã. Todos eles negam participação.

O capitão Rodrigo Elias da Silva, da Corregedoria da PM, foi o primeiro a testemunhar e contou detalhes da investigação que apontou os policiais como autores da chacina. Segundo ele, o primeiro passo foi levantar o álibi de todos os PMs do 42.° Batalhão, que atua na área dos crimes. “Ouvimos 60 policiais em dois dias.”

Silva também disse que chegou até Fabrício Eleutério após o relato de um sobrevivente, que reconheceu o policial como autor do disparo. Segundo ele, o PM se apresentou com a advogada na Corregedoria e propôs depor como testemunha reservada e apontar os autores da chacina. Após o depoimento, foram expedidos 19 mandados de busca e apreensão. “As pessoas que ele disse existiam, mas não conseguimos nenhuma comprovação.”

Ainda segundo o investigador, Eleutério se encontrou com outros seis PMs em uma pizzaria logo após o crime. “Ele já tinha sido alvo de investigação em 2013 por suspeita de participar de um grupo de extermínio em Osasco.” O lote e o calibre das munições usadas naquela época coincidem com o da chacina de 2015.

Já sobre Thiago Henklain, Silva afirmou que ele foi identificado como um dos PMs que rondaram a região perguntando por um sobreviventes dias após a chacina. O réu também teria brigado com uma mulher depois de ela reconhecê-lo como um dos autores dos ataques em imagens divulgadas pela TV.

Como álibi, a defesa de Eleuterio afirma que ele estava na casa da namorada na noite do crime. Por sua vez, os advogados de Henklain sustentam que o policial estava na sede do batalhão, ajudando a arranjar os alvos para uma aula de tiro que aconteceria no dia seguinte.

Medo

Segundo a depor, o pintor Amauri José Custódio, de 56 anos, pediu que os réus saíssem do plenário. “Eu fui alvejado, fiquei com medo. Eu não tinha nada a ver com o problema deles.”

Custódio é um dos dois sobreviventes do bar do Juvenal, onde oito pessoas morreram. Foi o maior ataque da noite. A vítima foi baleada no rosto e o tiro atravessou sua nuca. Ele passou 75 dias internado mo hospital, 13 deles em coma.

“Não consigo mais trabalhar. Sinto falta de ar, acordo sufocado”, disse o pintor. Ele também afirmou que “não viu e nem ouviu nada”, porque estava dormindo na mesa no momento do disparo. “Tomei uma cerveja e uma pinga e desmaiei de sono.”

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