O GP do Brasil de Fórmula 1 ainda tem mais três anos de contrato com a cidade de São Paulo. Mas os organizadores da corrida estão preocupados com o futuro da prova. O motivo é a futura privatização do autódromo de Interlagos, prevista pelo prefeito João Doria para 2018. Como o circuito deve mudar de mãos, o direção do GP não sabe com quem negociará a renovação do vínculo, o que deveria acontecer no próximo ano.
Pela previsão do prefeito, segundo declarou nesta quarta-feira, o autódromo deve ser leiloado até abril. No momento, o projeto de lei da privatização tramita na Câmara de Vereadores e o executivo municipal conta com maioria no Legislativo para confirmar a aprovação. O passo seguinte seria a manifestação de interesse por parte dos investidores, o que seria seguido pelo próprio leilão, que o prefeito pretende fazer na Bovespa.
Se esta programação atrasar, o leilão poderá ser adiado para o segundo semestre, mantendo a indefinição sobre os novos donos do circuito. Isso atrapalharia os planos do promotor do GP do Brasil, Tamas Rohonyi, de negociar em 2018 a renovação do contrato que acaba em 2020. Na Fórmula 1, é costume iniciar as tratativas com dois anos de antecedência porque, em caso de fim de vínculo, os organizadores podem ter tempo para buscar novo local para a prova.
“Possivelmente, o autódromo vai mudar de dono em algum momento de 2018”, disse Rohonyi, sem esconder a preocupação. “Vamos ter que tomar no decorrer do ano que vem uma decisão quanto ao que vai acontecer em 2021. Isso precisa ser decidido no ano que vem. É o tempo normal”, reforçou.
Doria garante que, pelo projeto de privatização, os futuros novos donos do autódromo terão que cumprir o contrato com a Fórmula 1 até 2020 e manter a vocação automobilística da área. Mas, a partir de 2021, o GP se torna uma incógnita em São Paulo. “Estamos aguardando para descobrir qual será a configuração do novo contrato com o futuro proprietário. E para saber se o novo dono desejará estender o contrato”.
O prefeito de São Paulo espera que o autódromo de Interlagos siga o modelo do circuito de Yas Marina, que conta com diversos provas de automobilismo e eventos particulares ao longo do ano em Abu Dabi. O promotor do GP brasileiro, contudo, acredita que o modelo não seria aplicável na capital paulistana. “Não dá para comprar. O GP de Abu Dabi pertence a um fundo ligado ao governo, com US$ 2 trilhões para investir. Lá tudo é possível”.
Outra fonte de preocupação para o GP brasileiro é a possível ausência de um piloto brasileiro no grid a partir de 2018. Felipe Massa ainda não renovou o seu contrato com a Williams e seu futuro na equipe parece cada vez mais improvável. Além disso, os prejuízos recorrentes nos últimos anos poderiam fazer a Liberty Media, nova dona da Fórmula 1, a repensar a corrida no Brasil.
ALTERNATIVAS – Sem garantias para seguir em São Paulo depois de 2020, a direção do GP do Brasil já tem plano B. Diversas cidades estão no radar, mas as mais cotadas são Florianópolis, Salvador, Rio de Janeiro e Brasília. Nas três primeiras, a prova seria de rua. Na capital do País, a opção seria o Autódromo Internacional Nelson Piquet.
O setor de engenharia conta com projetos para estes e outros municípios, com estimativas de custos e investimentos. Engenheiro-chefe do GP, Luis Ernesto Morales avalia que seriam necessários seis meses para obras e reformas necessárias para realizar corridas de ruas nestas cidades. Tudo dependeria, claro, da definição sobre São Paulo e das eventuais negociações com prefeituras e governos do Estado destes locais.