O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta quarta-feira, 27, que o processo de desinflação em curso no Brasil ainda requer uma política monetária contracionista. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros pela segunda vez consecutiva, de 13,25% para 12,75% ao ano. O colegiado voltou a sinalizar cortes de mesma magnitude na Selic nas próximas reuniões.
Durante introdução sobre o regime de metas no Brasil, Campos Neto explicou que o BC olha a inflação corrente, as expectativas de inflação e o hiato do produto para tomar suas decisões sobre a taxa de juros.
Em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, ele mais uma vez destacou as vantagens da autonomia operacional da instituição. "Lembrando que quem determina a meta de inflação é o governo, o que o BC faz é operacionalizar essa meta", completou.
<b>Inflação de energia no mundo</b>
O presidente do Banco Central repetiu que a inflação está melhorando em grande parte do mundo, e alertou que a inflação de energia começa a subir novamente. "O Brasil tem uma desinflação acentuada, caindo forte em alimentos e bebidas. O IPCA-15 dessa semana foi quase todo preço da gasolina, com a reoneração dos combustíveis", destacou.
Ao citar a Inglaterra e outros europeus, Campos Neto apontou que diversos países têm encontrado uma dificuldade muito grande em debelar a inflação.
Já na América Latina, comparou, países como o Brasil, que começaram a subir os juros mais cedo, têm tido maior sucesso no combate à alta de preços. "Apesar de não estarmos no centro da meta ainda, temos uma inflação parcialmente ancorada para 2024 e 2025. Comparado com outros países, estamos melhores", acrescentou.