A aprovação do processo de impeachment do presidente Sebastián Piñera, na Câmara dos Deputados, enfraquece o líder conservador chileno e pode afetar as eleições presidenciais, marcadas para novembro. A aprovação no Senado é mais difícil de acontecer, mas o impacto político para Piñera e os partidos de direita do Chile é inevitável. É o que diz a analista política Pamela Figueroa, professora na Universidade do Chile. A seguir, os principais trechos de sua entrevista ao <b>Estadão</b>.
<b>Qual é o impacto do impeachment para Piñera?</b>
Há um impacto importante. No Chile, apesar de existir, esse recurso (do impeachment) não se usa de forma recorrente. É a primeira vez que uma acusação constitucional contra o presidente é aprovada na Câmara. Portanto, tem o impacto de limitar ainda mais a presidência de Piñera e de sua figura política em geral.
<b>Como fica a intenção de Piñera de deixar uma marca na história do Chile?</b>
Piñera, por sua personalidade, decidiu ser presidente por conta do legado que poderia deixar. Mas a verdade é que, em seu segundo governo, ele não apenas perdeu apoio no Congresso, mas também da população e cometeu muitos erros. A avaliação de sua figura será bastante complexa. A acusação constitucional tem duas questões: dos direitos humanos e sobre como ele expôs a honra do país. Isso o enfraquece muito.
<b>As eleições presidenciais podem ser afetadas?</b>
Muito difícil dizer. Pela primeira vez no Chile, as eleições presidenciais estão abertas e difíceis de prever. As pesquisas têm sido pouco assertivas sobre o comportamento das pessoas e o nível de mudanças que o país viveu nos últimos dois anos torna muito difícil prever a situação. Mas uma coisa que já vemos é que o impeachment pode debilitar ainda mais os conservadores, as forças políticas próximas ao governo. Por isso, partidos da coalizão de direita tentam se distanciar de Piñera.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>