Economia

Produção do setor de bens de capital recua uma década

Nos últimos dois anos, o empresário Cesar Prata reduziu de 50 para 14 a quantidade de funcionários da Asvac Bombas – o destino principal das bombas são navios e plataformas de petróleo. “Com essa crise, a saída da empresa foi diminuir de tamanho e ficar quieta até passar a tempestade”, afirma Prata.

A tempestade que atinge a Asvac é formada por uma combinação de duas crises: a de confiança, que adia os investimentos, e a provocada pela Lava Jato, que afetou financeiramente possíveis compradores de bombas.

“O volume de investimento vem caindo, e os nossos negócios diminuíram entre 20% e 30% por causa da recessão do País”, afirma Prata. “Essa piora se somou à crise da Lava Jato, que, para nós, começou há dois anos.”

O empresário está no setor há 44 anos e a crise atual ganha um tom dramático porque, por ora, é difícil enxergar uma retomada. “Estamos vendo este ano com muito pessimismo”, afirma. “Já passei por algumas crises. Eu me lembro de algumas similares, como o Plano Collor, que foi grave também. Mas, naquela época, a economia não chegou a parar.”

A forte retração da Asvac Bombas ajuda a ilustrar como a indústria de bens de capital ficou menor nos últimos anos. O setor é considerado o coração da indústria e, portanto, um bom sinalizador de como está o investimento no País.

Década perdida

Os dados da produção industrial divulgados ontem mostraram que o setor de bens de capital opera no mesmo patamar de 2005 e 2006. Apenas em dezembro do ano passado, o setor recuou 31,9% na comparação com o mesmo mês de 2014.

“O resultado de dezembro surpreendeu de forma negativa”, afirma Felipe Beraldi, analista de bens de capital da Tendências Consultoria Integrada. “Esperávamos uma queda na comparação anual, mas o resultado veio muito pior.”

Na avaliação de Beraldi, a crise da indústria de bens de capital tem como pano de fundo a conjuntura econômica negativa. Boa parte dos analistas acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) pode ter recuado perto de 4% em 2015.
Para 2016, a previsão é de que a recessão deverá ser de 3%.

Uma retomada do setor passa obviamente pela volta da confiança de consumidores e empresários na economia brasileira. Somente dessa maneira os investimentos serão destravados, o que beneficiaria a indústria de bens de capital. “Atualmente, há uma paralisia em diversos setores. O mais grave que vivemos é a crise de confiança”, diz Beraldi. “Além das expectativa serem ruins, elas não pararam de piorar nos últimos meses.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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