A produção industrial fechou o segundo trimestre com queda de 2,5% em relação aos três primeiros meses do ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta terça-feira, 3, a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) de junho. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, houve alta de 22,6%, mas André Macedo, pesquisador do IBGE, ressaltou que as comparações de 2021 com o ano passado devem levar em conta a fraca base de comparação.
"Base de comparação explica muito as taxas positivas, muitas vezes de dois dígitos", afirmou Macedo, lembrando que o auge dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a atividade industrial foi verificado entre abril e junho do 2020.
Com a estabilidade em junho, a produção industrial se manteve no mesmo nível de fevereiro de 2020, antes de a covid-19 se abater sobre a economia, que já havia sido atingido em maio. No movimento de retomada no segundo semestre do ano passado, a produção industrial chegou a acumular ganhos na comparação com o ritmo pré-pandemia, mas esses ganhos foram apagados nos seis primeiros meses deste ano.
"A indústria até ensaiou recuperação no ano passado, mas voltou a perder fôlego. Não só as perdas recentes, mas as de anos anteriores estão longe de serem recuperadas", afirmou Macedo.
A produção industrial de junho está 16,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica da PIM-PF (iniciada em 2002), que foi registrado em maio de 2011. Assim como o nível da produção em junho equivale a fevereiro de 2020, também equivale ao de fevereiro de 2009, quando a indústria brasileira ainda enfrentava perdas com a crise internacional de 2008.
Para Macedo, a indústria enfrenta problemas que vão além da pandemia de covid-19. Uma recuperação mais consistente "passa pela normalização dos efeitos da pandemia, como a readequação das cadeias produtivas e a normalização da chegada de insumos, mas passa também pela demanda doméstica, com uma maior incorporação de pessoas no mercado de trabalho e estabilidade de preços", disse o pesquisador do IBGE.
"O avanço na vacinação, o aumento da mobilidade (das pessoas) e a maior flexibilização (das medidas de restrição ao contato social, por causa da pandemia), claro, vão ter impacto positivo, mas tem que se pensar na consistência de uma trajetória ascendente de longo prazo na produção industrial", completou Macedo.
<b>Revisões</b>
O IBGE revisou o resultado da produção industrial em março ante fevereiro, de uma queda de 2,3% para um recuo ligeiramente maior, de 2,4%. Foram mantidas as taxas, frente aos meses imediatamente anteriores, de abril e maio.
Na categoria de bens de capital, a taxa de maio ante abril foi revista de alta de 1,3% para alta de 1,4%. O resultado de abril ante março saiu de 3,0% para 3,1%. A taxa de março ante fevereiro ficou em uma queda de 7,0%, sem alteração.
O resultado de bens de consumo duráveis em maio ante abril foi revisado de uma queda de 2,4% para um recuo de 2,2%. A taxa de abril ante março saiu de -1,7% para -1,8%.