Produtor faz o que governo não resolve

Coordenador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar afirma que, embora as parcerias de produtores com os governos tendam a se popularizar, essas iniciativas têm ainda alcance limitado e não substituem um projeto nacional. A seguir, trechos da entrevista.

<b>As parcerias entre produtores e governos locais para resolver problemas de infraestrutura são um sintoma da falta de investimento público ou uma solução?</b>

É bastante sintomático que isso esteja acontecendo. É como antigamente, quando tinha gente no campo comprando geradores, por falta de energia. É muito claro que o investimento púbico é menor que o mínimo necessário para conservar o que já existe. Como o Brasil tem andado para trás nos investimentos públicos desde a crise de 2015 e 2016, muita gente acaba fazendo o que o Estado não consegue resolver.

<b>Pode ser uma solução para parte do problema de infraestrutura que o País enfrenta?</b>

É uma forma mais cara de se resolver o problema e que não tem escala. Resolve uma dificuldade específica daquele grupo de agricultores, mas não resolve o problema da mobilidade do País, a estrada continua se deteriorando. Esse tipo de arranjo é um sintoma, não é uma solução. Tem um alcance limitado e não é a forma ideal de investir em infraestrutura.

<b>No contexto atual, em que os governos têm convivido com orçamentos mais apertados, parcerias com o poder público tendem a aumentar?</b>

Acredito que sim. E o restante do País deveria prestar atenção a esse tipo de iniciativa. Em maior escala, elas permitem ganhos para a atividade e melhoram o funcionamento da economia.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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