A professora Lilian Gomes Ruccireta, de 46 anos, afirma ter sido vítima de racismo na loja Kalunga na Liberdade, centro de São Paulo. Ela conta que ao sair do estabelecimento foi obrigada pelo segurança a abrir a bolsa para mostrar o que havia dentro.
Lilian estava acompanhada da filha Letícia, de 18 anos, quando entrou na loja pela manhã para comprar um material didático de matemática. “O que eles tinham na loja não era o que eu precisava e, por isso, estava indo embora sem levar nada.”
Na saída da loja, Lilian foi abordada por um segurança que a impediu de sair. Segundo a professora, o funcionário pediu para que ela abrisse a bolsa para comprovar que não estava levando nada sem pagar. “A loja tem um sistema antifurto, que não disparou na hora em que nós passamos. Mesmo assim, o segurança nos abordou.”
Lilian conta que abriu a bolsa e o segurança disse que se tratava apenas de um “mal-entendido”. “Fiquei tão nervosa com a situação que foi só nesse momento que me dei conta de que ele tinha me parado e abordado dessa forma porque eu sou negra e estava de bermuda. Se eu fosse loirinha, de olho claro, ele me veria como suspeita?”
O caso foi registrado como injúria e calúnia no 6.º DP (Cambuci). Segundo Lilian, o delegado não viu indícios para registrar o caso como sendo um crime racial. “Pensei em não denunciar, mas estou cansada de ouvir que não existe racismo no Brasil.” Ela também registrou uma reclamação na ouvidoria da loja.
Em nota, a Kalunga lamentou o caso e informou que repudia toda forma de desrespeito ou preconceito. A empresa informou que treina seus funcionários e os orienta para que sua conduta seja “sempre a mais correta e respeitosa”. “Infelizmente, ao que tudo indica, algo falhou no processo”, diz a nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.