Cidades

Professoras protestam contra atrasos de salários e ameaças

As funcionárias afirmam que a direção da unidade I da Associação de Voluntários disse não ter recebido o repasse de verda da administração pública e isso teria provocado o atraso

Denunciando atraso de pagamentos e ameaças de demissão por justa causa, doze professoras da Associação Guarulhense de Voluntários – creche escola conveniada à Prefeitura – se organizaram em frente à unidade I da instituição, no Jardim Presidente Dutra, na tarde desta quarta-feira. O protesto contou com a participação de representantes do Sindicato de Professoras e Professores (Sinpro) de Guarulhos. Além desta unidade, há outra na mesma região e outra na Vila Barros.

De acordo com as funcionárias, a direção da escola afirma que não houve repasse de verba da administração pública, o que provocou o atraso de pagamentos. "Nosso salário está com seis dias de atraso. Mas, em meses anteriores, chegamos a receber com três meses de atraso", conta uma das professoras, que não quis se identificar.

Por conta do problema, as doze profissionais se dirigiram ao Sinpro na última segunda-feira e, a partir daí, não puderam mais entrar na instituição para trabalhar e nem ao menos pegar seus pertences. "O diretor, Élcio Correia, não nos deixa entrar e afirmou que seremos demitidas por justa causa", disse outra professora, que ainda destaca, "somos tratadas com descaso e passamos por humilhações sempre que nos dirigimos ao diretor".

Em frente à unidade, as funcionárias aguardaram durante toda a tarde para serem recebidas por Correia, que não compareceu ao local. Conforme informou a presidente do Sinpro Guarulhos, Andréia Harada, no início da noite uma tesoureira levou os salários às profissionais em dinheiro, entretanto sem todos os benefícios das trabalhadoras – apenas concedendo o salário-família, um auxílio destinado aos funcionários com filhos.

A funcionária teria sugerido às professoras que assinassem demissão por justa causa. Todas retornarão ao trabalho nesta quinta-feira, e, caso sejam novamente impedidas de entrar, afirmam que acionarão o sindicato para que sejam tomadas as providências cabíveis.

Padrinho político – Além de apontar irregularidades, as professoras mencionam ainda que Ulisses Correia, vereador licenciado, atual secretário de Assistência Social e Cidadania da cidade e irmão de Élcio, seria um padrinho político da instituição. "Cheguei a ver o vereador em festas da escola dizendo que havia preparado café da manhã, mesmo não tendo arcado com nada. No Dia das Mães, ele entregou flores com cartões assinado com seu nome", frisou uma professora.

Questionado pela reportagem do GH, Ulisses Correia afirmou, "meu irmão é presidente da associação, mas não tenho informações sobre o que se passa na escola". Quanto à sua presença em eventos da creche-escola, o secretário disse: "não me lembro disso".

Irregularidades – São apontadas ainda várias irregularidades na escola. Conforme as funcionárias, Correia estaria declarando à Prefeitura um número de alunos matriculados superior ao real para obter a verba da administração municipal. Outra denúncia diz respeito à verba que, de acordo com um tesoureiro da escola, seria destinada à implantação de uma brinquedoteca. "Mas eles apenas construíram uma sala e só há lixo lá. Não sei o que fizeram com este dinheiro", afirma uma delas.

Uma quarta professora ouvida pela reportagem do Guarulhos Hoje diz que foi instruída por Correia a dizer aos funcionários da Prefeitura que estiveram na escola, que os animais (mais de dez galos e dez galinhas, três coelhos e duas tartarugas) que vivem na unidade II, situada na rua Jandaíra, não pertenciam a ele. "O diretor me falou para dizer que os animais eram do dono do terreno e não dele".

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