Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia brasileira fizeram os economistas do mercado financeiro cortarem novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 30, a expectativa para a economia este ano passou de crescimento de 1,48% para retração de 0,48%. Há quatro semanas, a estimativa era de alta de 2,17%.
Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de alta de 2,50%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar.
Na semana passada, na esteira da pandemia, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para variação zero. O próprio BC, no entanto, reconheceu que o cenário está se alterando rapidamente e que, por isso, a projeção do RTI não reflete, necessariamente, a situação atual.
No Focus agora divulgado, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de alta de 1,00% para avanço de 0,85%. Há um mês, estava em 2,41%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial permaneceu em 2,50%, igual a quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 foi de 56,55% para 56,63%. Há um mês, estava em 56,90%. Para 2021, a expectativa foi de 57,95% para 57,87%, ante 57,82% de um mês atrás.
<b>Resultado primário</b>
O Focus trouxe também alteração na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e o PIB este ano foi de 1,20% para 1,30%. No caso de 2021, foi de 0,53% para 0,60%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,10% e 0,50%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 foi de 5,60% para 6,00%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, seguiu em 4,86%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 5,50% e 5,00%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
<b>Balança comercial</b>
Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2020, de superávit comercial de US$ 35,25 bilhões para US$ 35,00 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 36,70 bilhões. Para 2021, a estimativa de superávit foi de US$ 34,90 bilhões para US$ 35,30 bilhões. Há um mês, estava em US$ 33,19 bilhões.
Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2020 ficará em US$ 33,5 bilhões. Esta projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação divulgado neste mês.
No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2020 foi de déficit de US$ 56,50 bilhões para US$ 55,80 bilhões, ante US$ 58,00 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo foi de US$ 58,53 bilhões para US$ 58,50 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 59,40 bilhões.
O BC projeta déficit em conta de US$ 41,0 bilhões em 2020.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2020 seguiu em US$ 80,00 bilhões. Há um mês, estava no mesmo patamar. Para 2021, a expectativa foi de US$ 80,0 bilhões para US$ 81,40 bilhões, ante US$ 84,05 bilhões de um mês antes. O BC projeta IDP de US$ 60,0 bilhões em 2020.