Com a economia em recessão, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, revisou nesta terça-feira, 29, para baixo todas as estimativas da instituição para o crédito no Brasil em 2016. A nova previsão para a expansão desse mercado este ano é de 5%, ante 7% da projeção apresentada em dezembro. Em 12 meses até fevereiro, a expansão já está em 5,3%, com queda de 0,5% na margem, o que significa que o BC não conta com aumentos adicionais até o fim do ano.
No caso de financiamentos com recursos livres, a nova previsão da autoridade monetária para 2016 diminuiu de 5% para 2% e, no crédito direcionado, de 9% para 7%. Em 12 meses até fevereiro, a alta de empréstimos com recursos livres está em 2,6% e, no direcionado, em 8,2%.
Maciel apresentou ainda uma previsão menor para o mercado de crédito este ano na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB). No lugar da taxa de 55%, agora a expectativa é de 54%. “É um pouquinho mais, mas nossas previsões são sem casa decimal”, ponderou o técnico. Em 2015, a relação ficou em 54,5% e, em 2014, em 53,1%.
Bancos privados
A oferta de crédito pelos bancos privados nacionais em 2016 ficará 1% menor do que a do ano passado, segundo estimativa apresentada pelo Banco Central. A projeção anterior, apresentada em dezembro, era de uma alta de 3%. Tulio Maciel, disse, no entanto, que sua estimativa anterior era de 2%. Em 12 meses, a baixa já está em 1,6% nesse segmento.
Para o técnico, os bancos estrangeiros ainda terão crescimento este ano, mas bem menor, de 4% ante 8% da projeção anterior. No acumulado de 12 meses, essas instituições apresentam alta de 5%. De janeiro para fevereiro, os bancos estrangeiros registraram recuo de 0,5%, para R$ 459.961 bilhões.
Os bancos públicos, de acordo com ele, continuarão a puxar o segmento, com a expectativa de alta de 8% em 2016 ante previsão anterior de 9%. Em 12 meses, a alta está em 9,3%. Em fevereiro, o estoque de crédito fornecido por essas instituições recuou 0,3%, ao atingirem um saldo de R$ 1,796 bilhão. Nos bancos privados nacionais, houve recuo de 0,7% na margem, para R$ 928,201 bilhões.
Confiança e incerteza
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central disse que os indicadores econômicos pesam nas decisões de tomada de crédito, tanto para as famílias quanto para as empresas. Segundo ele, em momentos de incerteza, há restrição de comprometimento de renda futura das pessoas físicas e o investimento se retrai, juntamente com a demanda de crédito para pessoas jurídicas.
Sobre o financiamento imobiliário, o técnico do BC afirmou que o nível de expansão vem diminuindo. “Após um crescimento expressivo, é natural que tenha taxas de expansão menores, mas é claro que teve elevação de taxa de juros no financiamento imobiliário”, disse. “Isso tende a se refletir na evolução da carteira”, complementou.
Maciel destacou ainda que a elevação do custo de crédito também faz com que empresas tenham maior cautela no comprometimento de receita futura.