Os bancos melhoraram a previsão para o crescimento do crédito no País neste ano. A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que a expectativa de crescimento foi de 8,4% na edição de fevereiro para 8,8% na de março, divulgada nesta segunda-feira, 8.
Houve revisões positivas tanto nas expectativas para o crédito livre quanto para o direcionado. No primeiro caso, a projeção passou de alta de 8,1% para crescimento de 8,5%. No segundo, foi de crescimento de 8,9% para alta de 9,9%, ambos em relação ao fechamento do ano passado.
O crédito para pessoas físicas puxou para cima as expectativas de crescimento tanto nas linhas livres quanto nas direcionadas. No primeiro caso, a projeção de crescimento do saldo passou de 8,9% para 9,5%, de acordo com a Febraban, enquanto no segundo, o das linhas direcionadas, a expectativa de crescimento saiu de 9% para 10,3%.
A exceção negativa foi a do crédito direcionado para pessoas jurídicas, cuja projeção de crescimento este ano caiu de 8,8% para 8,3%, ainda de acordo com o levantamento. A projeção para os índices de inadimplência da carteira livre ficou estável, em 4,5% se considerado o critério de atrasos acima de 90 dias.
"Apesar do aumento relativo das incertezas no período recente, a pesquisa ainda captou um sentimento positivo por parte dos participantes, tanto em relação ao comportamento geral da economia, como especificamente do crédito, que deve crescer mais do que o esperado até então", afirma em nota o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg. "Outro ponto importante é que a revisão positiva é sustentada especialmente pelo crédito destinado às famílias, que já tem mostrado uma dinâmica mais positiva nos últimos meses."
Para 2025, houve melhoria na projeção de alta da carteira de crédito em relação a este ano, de 8,1% para 8,9%. Para a inadimplência do crédito livre, a projeção passou de 4,3% para 4,2%.
<b>Expectativa para os juros</b>
A pesquisa da entidade também captou as percepções dos bancos para a taxa Selic após a última reunião do Copom, em que os diretores do Banco Central sinalizaram maior cautela com a trajetória dos juros. Metade dos bancos afirmou não ter alterado suas expectativas para o ciclo de cortes, mesmo com a mudança de orientação futura do Comitê. O restante, por outro lado, espera um ciclo mais lento, mais curto ou ambos.
A mediana para a Selic consideradas as instituições consultadas é de 9,25% ao ano. Essa expectativa leva em consideração a realização de mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa, e outros dois de 0,25 ponto.
A maioria dos bancos, 60%, espera que o IPCA termine o ano próximo de 3,75%, próximo ao número visto no Relatório Focus, coletado pelo BC, ou mesmo abaixo desse patamar. Na frente fiscal, as projeções têm viés de melhora, com 90% dos bancos esperando um déficit fiscal de 0,75% do PIB ou menos para o resultado primário neste ano.
Ao todo, 55% dos bancos esperam que a economia brasileira continue surpreendendo positivamente, com um crescimento superior aos 1,85% esperados pelo mercado para este ano. Na taxa de câmbio, espera-se uma estabilidade ao redor dos R$ 5,00 até próximo do final do ano, em novembro. Além disso, 75% dos bancos esperam três cortes de 0,75 ponto porcentual nos juros dos Estados Unidos até o final do ano, em linha com o que tem indicado o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
A pesquisa da Febraban ouviu 20 bancos entre os dias 26 de março e 2 de abril. Cada edição do levantamento é feita após a divulgação da ata da reunião do Copom, captando as impressões dos bancos sobre a decisão do Comitê e suas expectativas para indicadores econômicos ao longo do ano.