O Programa Nacional do Ensino Técnico, batizado de Pronatec em pronunciamento da presidente Dilma Roussef na última quinta-feira, foi elaborado pela primeira vez pelo professor Ruy Guérios, diretor do Colégio e Faculdade Eniac, ainda em 2005. Baseado nos benefícios proporcionados pelo ProUni, programa similar que incentivou as faculdades e universidades privadas do país a oferecerem vagas, por meio de bolsas de estudos, a alunos da rede pública, ele elaborou um projeto similar voltado ao ensino técnico. "Hoje, só no Estado de São Paulo, seria possível abrir imediatamente 90 mil vagas nas escolas que oferecem cursos técnicos no Ensino Médio", afirmou.
Como diretor da Associação Nacional de Educação Tecnológica (Anet), Guérios desenvolveu o Protec – Programa de Ensino Técnico Para Todos, no ano de 2005. No projeto inicial, constava "a instiuição de um progama pelo Ministério da Educação destinado à concessão de bolsas de estudo para estudantes de cursos integrantes da educação Profissional Técnica de nivel médio em todas as suas fomas de articulação com o Ensino Médio, em instituições privadas de ensino técnio, com ou sem fins lucrativos". Baseado no sucesso do ProUni, o professor guarulhense defendeu o Protec em diferentes ocasiões. "Levamos o projeto três vezes ao ministro da Educação Fernando Hadadd, além de apresenta-lo durante congressos estaduais e nacional da educação".
Segundo Guérios, o Protec seria uma solução efetiva para inserir no mercado de trabalho um grande contingente de jovens que, por uma série de razões, não tinham acesso ao ensino profissionalizante, proporcionado pelas escolas técnicas. "Só na Grande São Paulo, tínhamos cerca de 800 mil jovens, entre 16 e 24 anos, fora do mercado de trabalho", afirma. O professor aponta que o ensino profissionalizante facilita a entrada desse público no mercado. "Nesse momento, além de adquirir melhor experiência, passa a ter condições de conseguir subsidiar seus estudos de nível superior".
Já as escolas técnicas, segundo Guérios, teriam condições de oferecer essas bolsas de estudo a alunos que integrariam as turmas já formadas nas mais diferentes áreas, em troca de isenções fiscais, nos mesmos moldes do ProUni. "Acaba sendo um ótimo negócio para todas as partes envolvidas, além de podermos oferecer ao mercado uma mão de obra qualificada", explica.
Proposta fez parte do plano de governo de Serra em 2010
Em São Paulo, Guérios obteve a simpatia da ex-secretária estadual de Ciência e Tecnologia e também da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, que repassou o projeto ao então governador José Serra, que acabou incorporando-o em suas propostas durante a campanha eleitoral para a Presidência da República. "Para nós, foi motivo de muito orgulho ver nossa proposta ser divulgada em rede nacional como uma das soluções para o aumento da oferta de vagas de ensino profissionalizante", revela.
Ao ver o Pronatec anunciado já no primeiro pronunciamento em rede nacional pela nova presidente, Ruy Guérios comemorou. "Isso demonstra que a preocupação com o ensino técnico extrapola bandeiras partidárias. Trata-se de um projeto consistente que ajudará na formação de mão de obra. Esperamos que ele seja efetivado o mais rápido possível para que posamos oferecer as bolsas já nas turmas que começam no segundo semestre deste ano".
