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Projeto propõe minipraça para ligar Sesc e Itaú na Av. Paulista

Uma proposta do Sesc para a criação de "minipraça" que ligue a unidade da Avenida Paulista ao Itaú Cultural será discutida em audiência pública em 16 de março. O projeto prevê que o trecho da Rua Leôncio de Carvalho entre os dois espaços culturais se torne exclusivo para a circulação de pedestres e realização de eventos culturais, enquanto o restante da quadra permaneceria aberto para a circulação de veículos, restringindo a saída para a Alameda Santos.

A proposta inclui também a elevação das faixas de rolamento para a altura da calçada, melhorias na acessibilidade e a troca do asfalto por material drenante, dentre outras alterações na infraestrutura. As medidas estão alinhadas ao chamado "traffic calming", de redução da velocidade e priorização da segurança e mobilidade ativa (a pé e de bicicleta). O projeto mantém o ponto de táxi da esquina com a Alameda Santos e os acessos para as garagens dos edifícios vizinhos.

"Não é para beneficiar nem o Sesc nem o Itaú, é para a cidade de São Paulo, pois é um lugar aberto, um bulevar, com o objetivo de ter maior vida comunitária no dia a dia, com atividades culturais e sociais", define o diretor regional do Sesc-SP, Danilo Santos de Miranda. A ideia é que a programação de ambos os centros culturais – que já fecharam a via em eventos pontuais – avance ainda mais para os espaços públicos. "É a velha história da praça antiga, do coreto, com algum tipo de atividade que faça bem à comunidade."

O projeto está com um parecer favorável da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a qual avaliou que a mudança "não trará prejuízos à circulação de veículos na região". Apresentado há cerca de oito anos, passou por adaptações pela SP Urbanismo após ter o conceito inicial elaborado pelo escritório Königsberger Vannucchi, autor do projeto de retrofit do edifício do Sesc Avenida Paulista.

Com duas quadras de extensão, a rua é classificada pelo Município como "coletora", de distribuição do trânsito de veículos provenientes de vias de fluxo rápido e não atraindo tanto fluxo quanto paralelas (como as Ruas Maria Figueiredo e Teixeira da Silva). O trecho do projeto contempla 2.276 metros quadrados, dos quais 990 metros são leito carroçável (duas faixas, em sentido duplo), com um dos lados com vagas para zona azul, segundo a SP Urbanismo.

<b>ANÁLISE</b>

Ao <b>Estadão</b>, o Sesc destacou que o projeto passou por um levantamento "complexo", com a avaliação de possíveis impactos nos sistemas de drenagem, captação do esgoto, redes hidráulicas, elétricas, de internet e telefonia. Os custos estão em fase de orçamento, mas são estimados em R$ 5 milhões, com uma instalação gradual ao longo de 10 meses, além dos três meses necessários para a contratação das obras. A adoção depende ainda de trâmites na Prefeitura.

Por meio de assessoria de imprensa, o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, reforçou o apoio ao projeto. "A proposta é aumentar a interação do espaço urbano com as pessoas, que passarão a ter mais uma opção qualificada de espaço público, como São Paulo cada vez mais exige", resumiu.

A interligação entre os espaços é uma ideia discutida na cidade há ainda mais tempo. Em 2008 (quando o Sesc estava com uma unidade temporária no endereço atual), por exemplo, uma videoinstalação das artistas Raquel Kogan e Lea Van Steen criou uma passarela virtual com o prédio do Itaú, pelo nono pavimento.

Ao Estadão, Gianfranco Vannucchi, do escritório que elaborou o conceito inicial do projeto, classificou a ideia como a de uma "esplanada", pois manterá um trecho com um pequeno fluxo de carros. "A tendência (no mundo) é de diminuição do espaço dos carros e aumento para pedestres", diz.

"É um projeto bom para todos. Pelo fato de ser próximo à Avenida Paulista, tem um alcance muito grande, transforma a avenida em um lugar de estar, não apenas de passagem", comenta. Ele cita que o próprio Sesc já reúne um público na calçada, nos bancos dispostos na entrada. Hoje, com algumas exceções, há poucos espaços de permanência na Paulista, tanto que é comum que pedestres se sentem em jardineiras e saídas de ventilação do metrô, por exemplo.

Em nota, a Prefeitura destacou que o projeto básico orientativo foi submetido às avaliações de órgãos municipais e estaduais (CET, SPTrans, Conpresp e Condephaat). "Inicia agora a fase de consultas à população, dever de uma gestão municipal democrática", destacou.

"A partir da audiência pública, uma consulta pública será publicada no Diário Oficial da Cidade para manifestações de interessados. Somente depois de concluídas essas etapas, o Município poderá firmar um eventual termo de cooperação para viabilização da proposta pela iniciativa privada", completou. A gestão também destacou que o custo será totalmente arcado pelo setor privado.

<b> PAULISTA CULTURAL </b>

O projeto se encaixa no chamado "corredor cultural" da Avenida Paulista, que inclui também a Casa das Rosas, a Japan House, o Centro Cultural Coreano no Brasil, o Masp, o Centro Cultural Fiesp e o Instituto Moreira Salles, além de cinemas, casas de espetáculos, parques e outros espaços icônicos. Além disso, dialoga com a Paulista Aberta, que potencializa o uso da via como lazer aos domingos e feriados.

Autor do livro Avenida Paulista: a síntese da metrópole, o arquiteto e urbanista Antonio Soukef Júnior comenta que a via passou por alterações expressivas na última década, deixando cada vez mais de ser associada aos escritórios, mas que a reinvenção a mantém como um dos maiores símbolos paulistanos. Como exemplo similar ao do projeto do Sesc, cita o calçadão na primeira quadra da Alameda Rio Claro, onde hoje há venda de comida de rua. "É uma forma de humanizar."

Outra mudança que afetou o fluxo a pé na Paulista foi implementada entre 2007 e 2008, quando a CET remanejou as faixas de pedestres e ampliou o tempo semafórico. Até então, o intervalo de operação dificultava a travessia nos dois sentidos da via de uma única vez, exigindo que o passante aguardasse no canteiro central.

<b>MORADORES</b>

A proposta não agradou a todos. Enquanto uma parte prefere acompanhar por enquanto as discussões sem se manifestar, ao menos uma associação de moradores tem se posicionado de forma crítica e defende novas discussões antes da implementação.

Para a presidente do Movimento de Moradores, Prestadores de Serviços e Comerciantes da Avenida Paulista (MOV Paulista), Raphaela Galletti, a transformação em rua sem saída pode impedir "o livre ir e vir de quem está instalado nesse local". Como comparação, cita a primeira quadra da Rua Avanhandava, cujo projeto de readequação considera ter sido mais "inclusivo" por manter o fluxo de carros. "A Rua Leôncio de Carvalho é o último acesso da Alameda Santos para a Avenida Paulista, sentido Paraíso."

"As mudanças, modernidades, modificações, devem obrigatoriamente levar em consideração o que já existe e incluir todos os fatores nos projetos em geral. No caso da Avenida Paulista, não se pode só pensar para os domingos e feriados, a vida de segunda a sábado é muito pujante e complexa nela e seu entorno", completou.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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