Na adolescência, o catarinense Jorge Baggio vislumbrou ser ciclista profissional, mas a falta de apoio em um esporte "que não é barato" – nas próprias palavras dele – e um acidente acabaram fazendo com que mudasse de ideia. Virou cineasta. Agora, ele juntou forças com Ricardo Pscheidt, que por 15 anos integrou a seleção brasileira de ciclismo, e com o treinador e sete vezes campeão brasileiro Vitor Costa, para criar um projeto voltado a formar atletas de ponta neste esporte e representar o País em competições internacionais. Batizado de B7 Cycling, a iniciativa também espera levar o ciclismo a crianças e jovens em vulnerabilidade social.
O projeto está em fase final de captação de recursos via lei de incentivo e patrocínio direto na iniciativa privada. "O mínimo que um atleta de elite precisa por temporada é de R$ 1 milhão para se manter na modalidade. E esse gasto é mais com ele mesmo, equipamento, acompanhamento de saúde, testes. Como nosso foco são atletas em formação, nossa estimativa é gastar em torno de R$ 400 mil por competidor", disse Baggio.
O grupo foi autorizado a captar R$ 1,4 milhão, montante que será utilizado na formação de quatro atletas de ponta. A verba será destinada à compra de oito bicicletas e demais equipamentos para disputas, além de pagar bolsa mensal aos competidores escolhidos, remunerar os treinadores, bancar viagens e demais custos envolvidos, como testes específicos e acompanhamento psicológico.
"Nosso foco é preparar um atleta visando os Jogos Olímpicos de 2028?, ressaltou Baggio. A intenção é contar com dois atletas do masculino e duas do feminino, mas isso vai depender do potencial que eles encontrarem pelo caminho. Torneios internacionais também estão na mira.
"Vamos realizar testes acadêmicos, testes de sustentação de potência, de transporte de oxigênio no corpo, tudo o que há de mais moderno no ciclismo. E, a partir disso, a gente pretende desenvolver os de maior capacidade para chegarem a nível mundial."
Todo o projeto será documentado em vídeo. As etapas serão exibidas em redes sociais e deverão virar um documentário ao final. A intenção é que isso auxilie interessados no esporte de todo o Brasil a acompanhar como é a rotina para se tornar um atleta de ponta.
CARENTES
Em paralelo, o grupo planeja desenvolver o gosto pelo ciclismo em crianças e adolescentes, sobretudo em vulnerabilidade social. Santa Catarina é um dos Estados do País onde o ciclismo é mais disseminado – as competições chegam a reunir mais de 700 atletas -, mas, mais uma vez, o esporte esbarra nos custos.
"Para ser inserido socialmente, o ciclismo ainda é caro. Por isso, a gente pretende criar pequenos núcleos, nas regiões de Blumenau, Florianópolis e Criciúma, com instrutores locais. A ideia é promover inserção. Nessa parte social, vamos ensinar a pedalar mesmo, mas também tentar detectar algum talento a partir de 11, 12 anos", explicou Jorge Baggio. Essa iniciativa caminha em paralelo e não está prevista no orçamento que o grupo está captando. "Mas o B7 Cycling certamente funcionará como um fator motivador."