Um projeto liderado por ambientalistas testou pela primeira vez o uso de drones para monitorar botos na Amazônia. O objetivo do projeto, realizado pelas ONGs Instituto Mamirauá e WWF-Brasil, é desenvolver a nova metodologia para estimar a população de botos amazônicos.
De acordo com o especialista em conservação do programa Amazônia do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, a proposta é desenvolver uma metodologia que possibilite a coleta de dados por meio dos vídeos gravados pelos drones. O equipamento foi usado no mesmo trajeto feito pelos pesquisadores, registrando o rio com a câmera. Com base nas imagens, será feita a comparação com as informações coletadas pelos pesquisadores, permitindo a correção da estimativa.
“Os trechos em que os botos aparecem serão editados e analisados. Com isso será possível definir parâmetros para desenvolver um algoritmo que permita identificar automaticamente, refinando o trabalho dos pesquisadores”, explicou.
O drone voa a 25 metros de altura, entre o barco e a margem. Depois de percorrer 400 quilômetros no Rio Juruá, os cientistas registraram 791 animais. “Mas não sabemos se esse número é alto ou baixo, pois ainda não conhecemos a densidade”, disse.
Segundo Oliveira, realizar um censo de botos é fundamental para sua conservação. De acordo com ele, na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, as espécies presentes na região – o boto vermelho (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis) – passaram da classificação “ameaçado” para a de “dados insuficientes”. “A densidade populacional desses animais é uma incógnita e isso dificulta muito a conservação”, disse Oliveira ao Estado. Segundo ele, o método tradicional de contagem de botos é caro e trabalhoso, especialmente nas extensões fluviais amazônicas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.