A grande oferta de promoções de pacotes de viagens sustentou o crescimento de dois dígitos da operadora de turismo CVC no 2º trimestre, apesar do cenário ruim da atividade econômica. Entre abril e junho, as vendas totais da companhia, incluindo o mercado online, somaram R$ 1,242 bilhão, uma cifra 12,9% maior em relação a obtida no mesmo período de 2014.
Com esse desempenho, a empresa encerra o 1º semestre faturando R$ 2,240 bilhões, com crescimento de 12,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. “Não somos uma ilha da fantasia, estamos na chuva como todo mundo”, pondera o presidente da empresa Luiz Eduardo Falco. Ele explica que a companhia teve de trabalhar muito com promoções para alcançar esse desempenho.
Uma pesquisa que acaba de ser feita com clientes da empresas que passaram pelas 940 lojas da operadora espalhadas pelo País revela que o brasileiro está em busca de pechinchas na hora de decidir para onde vai viajar nas férias. Entre as “pechinchas” mais procuradas pelos clientes estão hospedagem gratuita para crianças, hotéis no sistema tudo incluído (all inclusive), diárias gratuitas, pacotes com passeios incluídos e promoções no aluguel de carro, por exemplo.
No cenário atual de recessão econômica, o que se vê hoje na hora de decidir a viagem é que “o destino dos sonhos foi substituído pelo sonho que cabe no bolso”, diz o presidente da empresa. Foi exatamente em cima dessas constatações que a empresa adaptou os pacotes à nova demanda para não perder vendas. “Conseguimos dar um assessoramento melhor do que cabe no bolso do consumidor.”
Tíquete
O reflexo direto dessa mudança na oferta de produtos mais enxutos em época de crise apareceu no valor médio dos pacotes que caiu 3,2% no 2º trimestre na comparação anual, depois de ter recuado 7% no 1º trimestre nas mesmas bases de comparação. “Parece pouco, mas não é. Isso é resultado da combinação de descontos obtidos com fornecedores e de promoções”, explica.
A mudança de mix de produtos oferecidos pela empresa para tentar manter o crescimento das vendas é nítida. Houve um aumento das vendas para destinos nacionais no lugar dos internacionais, por exemplo. “Quem ia para Paris agora vai para Fortaleza”, exemplifica.
Também houve uma redução no número de dias do pacote, assim como uma preferência por hotéis mais em conta para se adaptar à demanda desse consumidor com menos renda no bolso para gastar.
Mais desconfiados, especialmente no que se refere à sua empregabilidade, os brasileiros estão deixando para fechar as viagens mais em cima da hora. No passado, a decisão de compra dos pacotes acontecia três meses antes das férias. Agora esse prazo foi reduzido para dois meses. Além da falta de previsibilidade na manutenção do emprego, outro fator apontado pelo presidente da CVC para esse atraso nas compras é que o consumidor não acredita que os preços vão subir se deixar a compra para última hora, como ocorria até pouco tempo atrás. “Antes, se o pacote não fosse comprado com antecedência, corria-se o risco de o preço subir. Agora o preço não sobe e às vezes pode até cair”, diz ele.
Online
Um dado que chama atenção no desempenho da companhia é o comércio online. As vendas eletrônicas de pacotes no 2º trimestre cresceram 27,7% em relação ao mesmo período de 2014, depois de terem aumentado 17,5% no 1º trimestre na comparação anual.
Nesse resultado não está incluída a compra da Submarino Viagens fechada em maio e que ainda não foi incorporada à operação da empresa. O resultado do comércio online se refere apenas à CVC.com, que responde por apenas 6% das vendas totais da empresa. Com a incorporação da nova aquisição, que deve ocorrer em 90 dias, a fatia online nas vendas totais deve subir para 15%, prevê Falco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.