A promotora de Justiça Daniela Romanelli da Silva (da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher) aposta em um trabalho de longo prazo e de efeito multiplicador para que as mulheres de Guarulhos se conscientizem sobre todos os tipos de violência que sofrem. Duas semanas após o Ministério Público do Estado e a Prefeitura terem assinado um termo de cooperação técnica para a implantação efetiva do PVDESF (Prevenção de Violência Doméstica como a Estratégia da Saúde da Família), o GuarulhosWeb conversou com a promotora para saber quais são os próximos passos.
“Dentro de um mês, no mais tardar, já teremos em mãos as cartilhas de orientação para iniciarmos o trabalho de treinamento das agentes de saúde da cidade. São elas que irão espalhar as mensagens de conscientização pelos bairros”, explicou.
O projeto prevê a utilização da estratégia de Saúde da Família, na qual as agentes vão de casa em casa para orientar as pessoas. “Desta forma, conseguiremos ganhar a confiança das mulheres de uma forma mais efetiva, pois as agentes já têm conhecimento desse tipo de abordagem”, afirmou Romanelli.
Segundo a promotora, o objetivo é levar às mulheres a mensagem de que é possível procurar ajuda quando se sofre violência doméstica. “Infelizmente, muitas mulheres vivem em estado permanente de sofrimento, mas não sabem exatamente o que fazer ou que estão sendo vítimas de crimes. Têm medo de denunciar ou não sabem a quem recorrer”, disse.
“Nosso trabalho é de longo prazo. Guarulhos é uma cidade muito grande, com bairros carentes e distantes. Até mesmo o treinamento das agentes não é tão rápido. São aproximadamente 700 agentes na cidade. Mas, se bem feito, esse projeto pode ter um efeito multiplicador e permanente de conscientização, pois uma mulher que se apoderar das informações que precisa, vai repassar para as filhas, criando um ambiente de mais segurança”, completou a promotora.
Segundo pesquisas recentes, 12 mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Uma a cada hora e meia. “Fora o que acontece antes dos homicídios”, afirmou a idealizadora do PVDESF, a também promotora Fabíola Sucasas. “A maior parte das vítimas são mulheres jovens e negras. Precisamos manter o diálogo com essas mulheres. Elas precisam entender que isso não é normal. Que nossa sociedade ainda romantiza o ciúme, o controle machista. Elas precisam entender que não têm culpa. E deixar de lado o silêncio”, completou Sucasas, que fez questão de ressaltar a importância do trabalho que terá a colega Daniela, de Guarulhos.