O chefe da Autoridade de Promotoria Nacional da África do Sul, Sean Abrahams, anunciou em entrevista coletiva nesta segunda-feira que as acusações de fraude contra o ministro das Finanças do país, Pravin Gordhan, seriam retiradas. Abraham argumentou que isso ocorrerá porque a autoridade não havia tido a intenção de agir ilegalmente no caso contra ele.
O risco representado pela acusação contra o ministro pressionava os mercados sul-africanos, também por representar uma disputa pelo poder dentro do partido governista, o Congresso Nacional Africano. Gordhan deveria comparecer nesta quarta-feira para falar à Justiça sobre o motivo de ter aprovado uma generosa aposentadoria antecipada para uma ex-autoridade do Serviço Tributário da África do Sul.
Abrahams disse que estava “satisfeito” em concluir que Gordhan não havia tido a intenção de agir ilegalmente, durante entrevista coletiva. Com isso, a convocação para que o ministro fosse depor foi cancelada. A notícia provocou a valorização do rand, a moeda do país.
A retirada da acusação representa o mais recente capítulo em uma disputa entre o ministro e o presidente sul-africano, Jacob Zuma, sobre os gastos do governo e o comando do partido governista, que comanda a África do Sul desde o fim do Apartheid, em 1994.
Aliados de Zuma, cujo segundo mandato termina em 2019, lançaram uma disputa aberta contra Gordhan pela maneira como o ministro controla as finanças públicas, incluindo as empresas estatais, as agências anticorrupção e o banco central. As agências de classificação de risco haviam advertido que a disputa política poderia levar o rating dos bônus da África do Sul a serem rebaixados para o nível “junk”.
Havia a expectativa de que milhares de pessoas se reunissem em Pretória na quarta-feira para protestar. A manifestação, intitulada “Salve a África do Sul”, havia sido marcada para coincidir com o depoimento de Gordhan.
A notícia sobre o caso marca uma reviravolta humilhante para o próprio Abrahams. O chefe da promotoria anunciou em 11 de outubro a convocação do ministro, junto de um ex-comissário e o vice deste na agência tributária do país. “Os dias de desrespeito à Autoridade de Promotoria Nacional estão encerrados”, havia afirmado Abrahams na ocasião. Fonte: Dow Jones Newswires.