O processo do mensalão mineiro deverá voltar a tramitar na Justiça estadual sem decisão da Procuradoria-Geral da República sobre um pedido de delação premiada feita por Marcos Valério Fernandes de Souza, já condenado no mensalão federal.
A solicitação do benefício foi feita ao Ministério Público de Minas Gerais em 21 de junho de 2016. Em 1º de julho, o processo teve tramitação suspensa por 60 dias pela juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, a pedido da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público.
O MP mineiro encaminhou à PGR ofício cobrando decisão sobre a proposta de delação. O processo no TJ de Minas está “concluso para despacho”.
O pedido de delação foi enviado à Procuradoria-Geral da República por envolver políticos com foro privilegiado. Até a conclusão desta edição, a PGR não havia respondido ao contato feito pela reportagem.
Segundo a denúncia, o mensalão mineiro foi o financiamento ilegal da campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, por meio de desvio de recursos da Companhia de Saneamento de Minas (Copasa), da Companhia Mineradora (Comig) e do extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge).
O processo que será retomado é o que envolve Valério e outros réus. Azeredo já foi condenado na primeira instância e recorre em liberdade de sentença de 20 e dez meses de cadeia por peculato e lavagem de dinheiro. Outra ação envolvendo o ex-senador e ex-vice-governador do Estado Clésio Andrade também corre em separado. Nesse caso, ainda não há sentença.
O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu contato na quinta-feira, 9, com o advogado de Valério, que cumpre pena de 37 anos de prisão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Azeredo nega as acusações e diz que não teve responsabilidade na coordenação financeira de sua campanha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.