O chefe do grupo radical islâmico Hezbollah, Hassan Nasrallah, deve fazer nesta sexta-feira, 3, o primeiro pronunciamento público desde o início da guerra entre Israel e os terroristas do Hamas. O grupo, que atua no Líbano com financiamento do Irã, tem trocado disparos com os israelenses na fronteira e representa a maior ameaça de ampliação do conflito, que está prestes a completar um mês.
Antes do discurso, o porta-voz do IDF (sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel), Daniel Hagari, avisou que as suas tropas estão prontas para lutar em todas as frentes se preciso for. "Estamos preparados no norte e vamos continuar respondendo a todos os ataques hoje e nos próximos dias" alertou.
"O Irã está inflamando seus aliados contra Israel e nós retaliaremos as ameaças. Estamos em alerta máximo no norte", destacou Hagari, em referência à fronteira que divide com o Líbano, onde Israel e Hezbollah têm trocado disparos.
O recado para os radicais islâmicos também veio dos Estados Unidos. Na véspera do pronunciamento, o porta-voz da segurança nacional, John Kirby, disse que a mensagem da Casa Branca para Hassan Nasrallah é clara: "se vocês estão pensando em ampliar, escalar e aprofundar o conflito, vocês não devem fazer isso. Temos interesses significativos de segurança nacional em jogo. Nós já provamos no passado que vamos protegê-los e defendê-los".
Apesar de expressar preocupação com os ataques ao norte de Israel, no entanto, o americano disse não ver indícios de que o Hezbollah vá entrar com força total na guerra. "Vamos ver o que ele tem a dizer", concluiu John Kirby.
Essa força total é estimada entre 50 mil e 100 mil combatentes, além de um vasto arsenal com 200 mil armas, incluindo mísseis de alta precisão, aponta o Instituto de Estudos para Segurança Nacional, "think tank" com sede em Tel-Aviv. "Isso tudo exige que estejamos em alerta contínuo para as intenções do Hezbollah", destacou o analista associado ao instituto Yehoshua Kalisky, em artigo publicado no mês passado, depois do ataque terrorista do Hamas que matou mais de 1.400 pessoas em Israel.
Um conflito com o Hezbollah não seria inédito. Em 2006, as tropas de Israel invadiram o sul do Líbano, depois que os radicais islâmicos lançaram foguetes na fronteira e sequestraram dois soldados israelenses. O conflito se arrastou por 34 dias e matou quase 1.200 pessoas, apontou uma investigação conduzida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O enfrentamento daquele ano ajudou a impulsionar o Hezbollah, que também atua politicamente no Líbano e é considerado um ator influente na região. Hassan Nasrallah é a principal liderança do chamado "Eixo da Resistência", uma aliança informal de grupos apoiados pelo Irã, que inclui também o Hamas e os rebeldes Houthi, do Iêmen.