A iniciativa da presidência brasileira do grupo das vinte economias mais ricas do mundo (G20), de centrar esforço no combate à desigualdade e à pobreza, foi o fio condutor do discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira, 28, na abertura da reunião dos ministros de finanças e presidentes de bancos centrais.
"A nossa proposta é centrar na desigualdade", disse Haddad, reforçando que esta ideia partiu do presidente Lula desde antes de o Brasil assumir a presidência rotativa do G20. O ministro brasileiro fez seu discurso remotamente porque foi diagnosticado com Covid na última segunda-feira.
Haddad passeou por vários temas que, segundo ele, culminaram na crise econômica global de 2008 e expuseram a limitação do atual modelo de globalização. Segundo o ministro, é hora de redefinir a globalização e buscar as melhores oportunidades, definidas não mais pela lucratividade imediata, mas pelos benefícios sociais e ao meio ambiente.
"Vamos promover desenvolvimento sustentável. Acreditamos que desigualdade deva ser tratada como variável fundamental para políticas econômicas, trazendo ferramentas mais apropriadas para isso", disse o ministro brasileiro emendando que ao longo do dia o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, guiará discussões neste sentido, "incluindo um debate honesto sobre nossas perspectivas para o médio e longo prazo".
Ao apresentar a agenda do G20 prevista para quinta-feira, 29, Haddad informou que será tratado o tema tributação progressiva.
"Precisamos fazer com que bilionários do mundo paguem sua justa contribuição e impostos. Acreditamos que uma tributação mínima sobre a riqueza poderá contribuir para as questões globais", explicou o ministro reiterando que a presidência brasileira do G20 vê a questão da dívida global como essencial.
"Temos que estabelecer controles para garantir que atingiremos objetivos de transição energética e desenvolvimento econômico. Estamos construindo um sistema tributário mais justo e eficiente, lançamos projetos de transformação ecológica e de redução da pobreza e da desigualdade social", disse o ministro.
Ele também disse que finalmente o Brasil está em posição de lançar uma agenda importante em escala global, para criar um mundo mais justo com uma economia mais sustentável.