Em meio à crise política e ao questionamento de suas ações por parlamentares, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fez nesta quinta-feira, 10, um forte discurso em defesa da adoção de medidas de estabilização da economia no curto prazo e de reformas de longo prazo propostas por ele.
Em evento que comemora os 30 anos do Tesouro Nacional, Barbosa disse que vem trabalhando para atender a demandas do PT e do PMDB – partidos que citou nominalmente – e que apenas medidas de curto prazo ou somente reforma de longo prazo não são suficientes.
“As propostas refletem pontos apontados pelos dois principais partidos de apoio ao governo. Tem ações de curto prazo para estabilizar renda e emprego, como propõem lideranças do PT e envolve a adoção de reformas estruturais para controlar despesas, como propõem várias lideranças do PMDB”, afirmou.
Nesse contexto, o ministro disse que procura um meio termo para resolver todos os problemas enfrentados pela economia brasileira. “Não é hora de extremismos na política econômica, mas de volta à normalidade”, completou.
O ministro voltou a citar a rigidez dos gastos públicos e lembrou que 54% do gasto primário é com a Previdência “Qualquer proposta de controle de gasto envolve reforma da Previdência. Precisamos atuar do lado da arrecadação, mas o foco das ações neste momento tem de ser no gasto”, completou.
A expectativa do ministro é enviar até abril um projeto de reforma da Previdência, que deve enfrentar resistência no Congresso Nacional. Ele afirmou que as propostas em construção são graduais e têm regras de transição e ressaltou a urgência do tema. “Adiar o enfrentamento desses problemas tornará inevitável soluções mais drásticas num período próximo”, completou.
Nova matriz
Barbosa tentou descolar sua política econômica do modelo de estímulo adotado pelo governo petista
nos últimos anos. Ele ressaltou a necessidade de redução da inflação e do equilíbrio fiscal para a recuperação do crescimento e fez uma crítica às ações adotadas no passado recente.
“Somente medidas de estímulo no curto prazo não serão suficientes, pois a recuperação tende a ser curta ou não ocorrer. Tivemos experiência de adoção de estímulos no passado recente que tiveram efeito curto e, ao invés de resolver, ampliaram os problemas estruturais”, apontou.
O ministro admitiu que a situação é “desafiadora” e lembrou que o mercado prevê redução da atividade econômica pelo segundo ano consecutivo, o que não acontece desde a grande depressão de 1930. Para Barbosa, há sinais de estabilização em alguns setores, mas perspectiva é que economia se estabilize no terceiro trimestre deste ano.
Ele ressaltou que a situação requer medidas não usuais e tem que ser enfrentada com “realismo, urgência e serenidade”. “O governo deve ser agente de estabilização, de redução da volatilidade”, acrescentou. “Devemos ter ousadia com responsabilidade de forma consistente e duradoura”.