Economia

Propostas pela Nilza decepcionam e leilão será retomado

A primeira etapa do leilão judicial da massa falida da Indústria de Alimentos Nilza, encerrada nesta tarde de sexta-feira, 7, no Fórum de Ribeirão Preto (SP), “foi decepcionante”, segundo o juiz do processo, Héber Mendes Batista, e o pregão que pode decidir o futuro da companhia continuará na próxima sexta-feira, 14. A única proposta que se aproximou dos R$ 117,14 milhões avaliados pela Justiça pelas três unidades de processamento de leite e ainda pela marca Nilza foi uma oferta de R$ 120 milhões feita pelo empresário Luiz Alberto Dallier Dias de Oliveira, que representa a Laddo Indústrias de Laticínios. No entanto, o empresário propôs o pagamento em direitos creditórios de títulos de dívida agrária e precatórios a serem recebidos no Paraná.

“Esses papéis não têm liquidez no mercado e muito provavelmente o juízo não autorizará essa proposta”, disse Batista. Entre as outras propostas apresentadas por três empresas interessadas, duas delas foram consideradas “razoáveis” pelo juiz que comanda o processo desde 2009.

A Novamix Industrial e Comercial de Alimentos, fabricante dos queijos Quatá, que arrenda, desde março de 2010, a unidade de Campo Belo (MG) da Nilza, ofereceu arrematar a unidade por R$ 6,3 milhões, pouco mais da metade do valor avaliado de R$ 12,44 milhões. Em seguida, ampliou o valor para R$ 7 milhões durante uma reunião com o juiz. O representante da companhia alertou Batista que a empresa teria preferência pela aquisição e ainda pela renovação do arrendamento da unidade, que vence em março de 2016.

A Goiasminas Indústria de Laticínio Ltda., fabricante de lácteos da marca Italac, fez duas propostas separadas: uma pela marca da Nilza, de R$ 5,2 milhões, valor igual ao da avaliação judicial, outra pela unidade de Ribeirão Preto da processadora de leite, de apenas R$ 10 milhões, ante uma avaliação de R$ 69,12 milhões. As duas propostas preveem pagamento de 30% à vista e o restante parcelado em 24 meses pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Batista, no entanto, considerou o valor ofertado pela unidade de Ribeirão Preto como “vil” e “aquém da avaliação feita”.

Já a Empreendedora MS Ltda ofereceu R$ 45 milhões pelas unidades de Ribeirão Preto, Campo Belo e pela marca Nilza. A empresa possui créditos no processo de falência da Nilza. Por isso, pela primeira proposta apresentada, parte do pagamento pelos ativos viria de R$ 18,123 milhões desses créditos estimados pela empresa a serem recebidos e o restante, R$ 26,876 milhões, seria pago em dois anos, também reajustados pelo INPC.

Em seguida, após uma reunião com o juiz, os representantes da empresa foram questionados a respeito do valor do crédito e concordaram em ampliar em R$ 5 milhões o pagamento em dinheiro. Com isso, a oferta da Empreendedora MS ficou em R$ 13,123 milhões em créditos e mais R$ 31,876 milhões em dinheiro, valor dividido em 24 meses.

Após as propostas, o juiz informou que só deverá anunciar uma decisão na próxima sexta-feira, 14, após dar 48 horas de prazo para o administrador judicial se manifestar e o mesmo período ao Ministério Público. A decisão respeitará ainda a sequência do leilão, quando todos os que apresentaram propostas poderão fazer novas ofertas verbais, inclusive cobrindo as já apresentadas hoje por qualquer proponente.

Batista afirmou ser possível que seja autorizada a venda de apenas alguns ativos da Nilza. “Mas não vamos autorizar a arrematação a um preço vil e a ideia é reativar as fábricas que estão fechadas”, disse. O juiz levantou ainda a hipótese da realização de outros leilões para a venda de possíveis ativos que não sejam negociados no atual pregão. Mesmo com o aumento das ofertas, a dívida apurada com os credores da Nilza, cuja falência foi decretada em outubro de 2012, de R$ 634,592 milhões, dificilmente será paga na totalidade.

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