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Proteção do Deic vale R$ 50 mil, diz policial

Um policial civil é uma das principais peças da investigação feita pelo Ministério Público Estadual (MPE) sobre o suposto mensalão da Corregedoria da Polícia Civil. Testemunha sob proteção, ele foi ouvido em sigilo pelos promotores, em 1º de dezembro, e contou como o investigador Waldir Tabach, chefe dos investigadores da corregedoria, arrecadaria a propina das delegacias de São Paulo.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao depoimento da testemunha. Ela afirma que “foi o chefe dos investigadores da Polícia Civil, Waldir Tabach, que informou ao chefe dos investigadores do Deic, Sr. Toyama, que o Gecep (Grupo Especial de Controle Externo da Polícia) e policiais da corregedoria estavam chegando no local para cumprir mandados de prisão”. A testemunha disse que Tabach receberia R$ 50 mil mensais só do Deic para mandar as informações e que falaria com Toyama por meio de celulares chamados “diretinhos” que ninguém sabe o número.

A reportagem pediu à Secretaria de Segurança Pública para entrevistar Tabach e o diretor da Corregedoria, delegado Nestor Sampaio Penteado Filho, mas não houve resposta. A assessoria do Deic também foi procurada, mas ninguém respondeu.

Suspeitas

Os promotores do Gecep encaminharam cópia de toda a investigação sobre as suspeitas de cobrança de propina da Corregedoria da Polícia Civil à Secretaria de Segurança Pública no começo do mês e pediram providências por parte da pasta. O Gecep também mandou cópias para a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, pois há suspeita de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa praticada pelos policiais investigados.

Na parte cível, a investigação foi dividida em vários inquéritos. Um será apenas para apurar os fatos ocorridos no Deic, que também serão anexados na investigação sobre o suposto mensalão da corregedoria. Outros supostos crimes praticados por outros departamentos, mas sempre relacionados com corrupção, também serão investigados pelos promotores do Patrimônio Público.

Histórico

Essa é a primeira vez que a Corregedoria da Polícia Civil é alvo de suspeitas. Durante a gestão de Ronaldo Marzagão na Secretaria da Segurança (2007-2009), decisões sobre processos administrativos contra policiais corruptos seriam vendidas por integrantes da cúpula da pasta para livrar a banda podre de punições. Foi por isso que o secretário Antonio Ferreira Pinto (2009-2012) fez com que o órgão deixasse de ser subordinado à Delegacia Geral de Polícia e pôs sob a responsabilidade de seu gabinete.

A decisão fez Ferreira Pinto ser alvo de espionagem por parte de policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em uma das ações, os investigados divulgaram imagens de câmeras de segurança de um shopping que mostravam o secretário se encontrando com um jornalista, dando a entender que ele estaria passando informações sigilosas.

Na época, a responsável pela Corregedoria era a delegada Maria Inês Valente. Ela saiu do cargo depois que imagens gravadas pela própria Corregedoria mostraram agentes tirando dinheiro supostamente escondido na calcinha de uma escrivã.

O caso foi arquivado pela Justiça, mas ganhou repercussão após a divulgação das imagens da ação dos policiais da Corregedoria, que foram consideradas arbitrárias pelos colegas. A corregedora entregou o cargo.

Desde a queda de Ferreira Pinto, o delegado Nestor Sampaio Penteado Filho assumiu o órgão. Ele sempre foi considerado discreto nas ações do departamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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